Por felipe.martins

Rio - O Ministério da Educação divulgou nesta quarta-feira as notas das 15.640 escolas que participaram da última edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado por 1.295.954 estudantes. O Rio de Janeiro teve um bom desempenho nacional, porém com performance muito desigual entre escolas públicas e privadas. O estado ficou em segundo lugar no ranking dos 20 melhores colégios do país. Em redação, das cinco melhores instituições brasileiras três estão no Rio. Todas privadas.

A primeira escola pública a aparecer no ranking estadual é o Pedro II, do Centro, no 31º lugar do Rio e 133º nacional. Nenhuma escola pública do Rio está entre as cem melhores do país.
Outro dado importante é o crescimento dos colégios-cursinhos na liderança. No Rio, três filiais do Colégio e Curso Pensi (Ponto de Ensino) ficaram nas primeiras posições, seguidos dos tradicionais São Bento e Santo Agostinho.

Clique sobre a imagem para a completa visualizaçãoDivulgação

A listagem nacional das escolas veio acompanhada de uma questão ressaltada tanto pelo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, como pelo presidente do Inep, Chico Soares: alguns colégios e cursinhos recrutam os melhores alunos para conquistar as primeiras colocações apenas como estratégia de marketing, ignorando o papel pedagógico das instituições.

Pelo critério preferido pelo presidente do Inep, o São Bento seria o primeiro colocado, uma vez que, no Colégio Pensi, o índice de permanência de aluno é inferior a 20%, enquanto nos demais, superior a 60%. “Essa informação é importante para que a sociedade conheça quais são as escolas que realmente oferecem educação de qualidade durante todo o Ensino Médio, e quais são aquelas que, simplesmente, selecionam alguns para cursarem apenas o 3º ano”, disse Chico Soares.

O diretor pedagógico da Eleva Educação, Fábio Oliveira, responsável pela plataforma de ensino do Pensi, comemorou o resultado. “Vamos continuar trabalhando para trazer nossas escolas para o topo”, disse Fábio.

A supervisora pedagógica do São Bento, Maria Elisa Penna Firme Pedrosa, analisou o resultado com ressalvas. “Enem traz pontos positivos, mas expõe uma disputa que não é honesta, e da qual não nos interessa participar. Não estamos interessados em marketing, mas na formação do aluno”, diz.
Entre as escolas públicas, a melhor colocação ficou com o Colégio Pedro II. O reitor, Oscar Halac, soube do resultado pelo DIA.

“Fico feliz com o resultado porque sou o reitor, mas não considero uma escola boa ou ruim de acordo com este ranking. A escola boa é a que forma cidadãos críticos, conscientes, preparados para o mercado de trabalho e a vida adulta”, disse Halac, que acrescentou: “O Pedro II não é bom por ser o melhor colégio público do Rio, mas por formar cidadãos. Este é o objetivo”, completou o professor.

Redação: Rio está no topo

No ranking feito apenas com base na nota da Redação, o Rio de Janeiro aparece com três escolas nas quatro primeiras posições: São Bento, primeiro colocado, e Cemp (Recreio) e Colégio Cruzeiro (Centro) na terceira e quarta posições, respectivamente.

“Acho que a redação é a grande síntese da aprendizagem do aluno. Quando o aluno sabe desenvolver uma redação, é sinal de que o trabalho da escola foi bem feito”, comemorou Maria Elisa Penna Firme, supervisora do São Bento.

As cinco piores escolas, no ranking geral, estão na rede pública. A pior, CE Joaquim Gomes Crespo, é de São Francisco do Itabapoana. As demais, na capital e em Japeri, Miracema e Trajano de Moraes.

Professor do CPII cobra investimento

Candidato a governador no ano passado, o professor Tarcísio Motta, do Colégio Pedro II, e que já lecionou na rede estadual, cobrou mais investimentos na “Pátria Educadora”. “Este ranking diz mais sobre as condições de trabalho da escola do que sobre o aluno. O Pedro II é bom porque tem professores bem remunerados, dedicação exclusiva e estrutura”, explicou.

Crítico da meritocracia adotada pelo governo estadual, Tarcísio explicou o motivo: “Não é o 14º salário que melhora o desempenho do professor ou da escola, mas a estrutura oferecida. E salário digno”, disse.


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