Rio - O diretor da Unidade Prisional (antigo BEP) , tenente-coronel Alexandre do Amaral Lourenço, foi exonerado do cargo nesta sexta-feira pelo comando da PM. A ‘queda’ do oficial acontece um dia depois do DIA ter revelado nesta sexta-feira com exclusividade a inspeção da juíza Daniela Barbosa Assumpção, com apoio da Corregedoria da Polícia Militar, que flagou churrasco, regado a picanha e linguiça, e mordomias na cadeia. A magistrada é a responsável pelas inspeções em unidades prisionais da Vara de Execuções Penais (VEP) e promete intensificar ainda mais o trabalho de fiscalização, com inspeções mensais. No lugar de Amaral Lourenço na diretoria da Unidade Prisional, entra o tenente-coronel Murilo Sérgio de Miranda Angelotti.
Operação em unidade prisional da PM acaba com churrasco de detentos
Na ‘blitz’ de quinta-feira, presos ocupavam cela de luxo, com direito a playstation, tv, celulares e R$ 3 mil. O material foi apreendido e levado para a 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM). Para a juíza, a fórmula para acabar com as mordomias é simples. “Fiscalizar. Vamos fazer as inspeções mensalmente. Isso, inclusive, é a minha obrigação que está prevista na lei”, afirmou Daniela. A juíza aguarda ainda relatório da Corregedoria.
“A cada irregularidade encontrada há também as responsabilidades administrativas”, explicou. Durante a inspeção, foram retiradas divisórias de celas e cortinas. As mais bem equipadas eram as que são ocupadas por presos por envolvimento com a milícia. A fiscalização pegou parte dos internos de surpresa. Eles tentaram esconder a churrasqueira, com o carvão aceso e parte das carnes já prontas, mas o rega-bofe foi encontrado em local usado para oração.
Em nota, a assessoria de imprensa da PM informou que foi aberto um Inquérito Policial Militar para investigar o caso. Policiais prestaram depoimento na 1ª DPJM. A inspeção encontrou DVDs piratas e uma bateria. O órgão esclareceu que o equipamento de som é da unidade e usado para cultos religiosos. A unidade conta com 236 presos. “Os internos têm as chaves de vários locais e encontramos lista para recolhimento de dinheiro. Aguardo o relatório da Corregedoria para determinar as providências que precisam ser adotadas”, anunciou a juíza.
Regalia descoberta em março de 2014
Celas de luxo e regalias fazem parte do histórico da Unidade Prisional, antigo BEP. Em março de 2014, vistoria da Auditoria da Justiça Militar, da Corregedoria da PM, da Coordenadoria de Segurança e Inteligência do Ministério Público estadual, recolheu na unidade 12 aparelhos de ar-condicionado, computador pessoal, quatro tablets, uma antena de TV por assinatura, celulares, 12 micro-ondas e outros eletrodomésticos escondidos, além de 70 latas de cerveja.
O currículo de problemas motiva a decisão de transferir os presos do BEP para a Penitenciária Vieira Ferreira Neto, em Niterói, o que deveria ter acontecido na primeira semana de maio. Mas ainda estão em estudos obras de ampliação e reforma da penitenciária que são necessárias, como pintura e reparos na parte elétrica e hidráulica. O trabalho está sendo acompanhado pelo Ministério Público que atua junto à Auditoria de Justiça Militar, do Tribunal de Justiça.