Por felipe.martins

Rio - Morto nesta quinta-feira após ser baleado em operação da Polícia Civil, Jean Piloto -- apontado como o maior assaltante de roubo de cargas do estado -- seguia o estilo ousado de Playboy. Seis minutos antes de ser ferido, às 16h15, ele postou foto de Playboy no Facebook. A rede de relacionamentos era um dos hobbies do criminoso. Ele gostava de mostrar membros da quadrilha e exaltar suas ações na internet.

Em uma, ele postou vídeo do roubo de 193 motocicletas num galpão terceirizado do Departamento de Transportes Rodoviários do Rio (Detro), na madrugada do dia 31 de dezembro, em Costa Barros. Ainda nas redes sociais, Piloto, que também era conhecido de ‘Já Morreu’, ameaçou um homem que debochou da morte de Playboy. “Uma hr vc que você vai para no inferno (sic)”, avisou Jean.

Bandido postou foto de Playboy apenas seis minutos antes de ser baleado por policiais civisReprodução Facebook

No site dos Procurados, era oferecido uma recompensa de R$ 2 mil para quem informasse seu paradeiro. “Ele era tão ousado que publicava tudo no Facebook. Não escondia nada do que fazia”, lembrou o delegado titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), Marcelo Luiz Santos Martins.

Braço direito de Playboy morreu no hospital

Apontado pela polícia como o maior assaltante de carga do estado, o traficante Jean Raynne da Silva Andrade, o Piloto, de 24 anos, morreu ontem no Hospital de Acari. Ele foi atingido por tiro de fuzil na barriga em confronto com agentes da Polícia Civil no Morro da Quitanda, seu principal reduto no Complexo da Pedreira, em Costa Barros. O bandido era homem de confiança do traficante Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, morto sábado em operação das polícias Civil, Militar e Federal.

Havia uma recompensa de R%24 2 mil por informações que levassem à prisão de Piloto. Com ele havia armas%2C munição e radiotransmissorAndré Mourão / Agência O Dia

A ação que resultou na morte do traficante, chamado Piloto pela perícia ao volante, foi feita por agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e da Delegacia de Roubos e Furtos de Carga), por volta das 16h15. “A preferência do bandido era roubar caminhões que transportavam cigarros. Hoje (ontem), ele roubou um frigorífico em Itaguaí”, afirmou o delegado Maurício Mendonça, da DRFC. Segundo ele, ainda pela manhã, antes de ser emboscado Piloto praticou mais um assalto. A ação em Itaguaí foi feita com a participação de Carlos José da Silva Fernandes, o Arafat, sucessor de Playboy na facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA), que ficaria responsável pelas drogas, e Piloto, só por roubo de cargas.

DOIS BLINDADOS

Para cercar o traficante foram utilizados dois blindados da Core e mais 20 agentes. Ele foi emboscado dentro da casa de um morador na Rua Pátio da Estação, no Morro da Quitanda. Mesmo sozinho, ele reagiu à prisão. Houve troca de tiros.

O procurado Jean Piloto%2C segundo o delegado%2C no FacebookReprodução

Ferido, ele foi socorrido no Hospital de Acari, mas morreu. Com ele foram encontrados uma pistola Glock com kit-rajada, um par de luva de couro preta, usada para dirigir, radiotransmissor e um coldre. Segundo o delegado Maurício Mendonça, a morte de Playboy e de Piloto representa uma redução significativa nos roubos de cargas, principalmente próximo ao Complexo da Pedreira. “Era o Piloto que comandava os bondes de criminosos por ordem de Playboy”, explicou. O delegado investiga a participação de funcionários de empresas de transporte de cargas que mantinham contato com o bandido. “Eles repassavam as informações sobre o trajeto dos caminhões para o Piloto”, afirmou Mendonça. Segundo a polícia, depois do assassinato de Playboy, ele abandonou área central da Quitanda e passou a ocupar o imóvel onde foi morto.

‘Era violento. Já chegava atirando para assaltar’

Durante oito meses, os agentes monitoravam os passos de Piloto. Nos últimos dias, ele procurava circular pelo Morro da Quitanda e só dormir à noite. Ontem, no entanto, por ter praticado mais um roubo de carga, Piloto voltou para o esconderijo mais cedo do que o costume, segundo a polícia. Foi o que permitiu a ação. “Era violento. Em alguns roubos só chegava atirando. Com a morte dos chefões, outros serão presos”, disse o delegado Fabrício Oliveira Pereira, da Core.

Ele acredita que a quadrilha da Pedreira, que conta atualmente com cerca de 300 criminosos, esteja desarticulada. “Vai facilitar as futuras ações e ocupações da polícia”, contou Fabrício. Recentemente sua mãe, Cátia da Silva Andrade, foi presa, durante uma operação da DRFC ao ser flagrada guardando em casa um fuzil calibre 5.56 do filho. Contra Piloto constavam três anotações criminais, por porte ilegal de armas e latrocínio.

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