Por nicolas.satriano
Rio - Na conversa gravada que serviu de base para a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), ele e outros interlocutores falam de um suposto acordo entre Eduardo Paes e o senador Romário (PSB-RJ) que envolvia uma conta bancária do ex-jogador na Suíça. 
Por conta do acerto, Romário passaria a apoiar a candidatura de Pedro Paulo Carvalho Teixeira à Prefeitura do Rio. "Em função disso, fizeram acordo", afirma Delcídio na gravação.
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Da conversa gravada participaram também Diogo Ferreira, chefe de gabinete de Delcídio e que também foi preso nesta quarta-feira, Bernardo Cerveró e Edson Ribeiro, respectivamente, filho e advogado de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras. 
Na gravação, Delcídio relata aos três interlocutores uma visita que recebeu de Paes, Pedro Paulo e Romário. Durante esta visita é que ele teria sido informado do acordo entre Paes e Romário.
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Em julho, a revista 'Veja' publicou que Romário tinha conta não declarada na Suíça. O ex-jogador foi então a Genebra e divulgou declaração do Banco BSI que negava a existência da tal conta.
Desde julho de 2014 que  o BSI pertence ao Banco BTG Pactual, de André Esteves, também preso hoje. Guilherme da Costa Paes, irmão do prefeito do Rio, é diretor do BTG Pactual.
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Há pouco, por telefone, Paes negou a existência de acordo que envolvesse a tal conta suíça. Disse que esteve no gabinete de Delcídio acompanhado de Pedro Paulo, Romário e Ferraço para tratar da aprovação de um projeto relacionado à dívida ativa de estados e municípios.
O prefeito afirmou que, brincando, disse a Delcídio que Romário apoiaria Pedro Paulo, mas que em nenhum momento citou a tal conta. Segundo Paes, não seria razoável imaginar que ele pudesse tratar de algo tão grave diante de três senadores. "Só de brincadeira alguém pensar isso", disse.
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Para o prefeito, tudo não passou de uma especulação feita por Edson Ribeiro, advogado de Nestor Cerveró. Segundo o prefeito, a frase "E em função disso fizeram acordo" dita por Delcídio foi uma interrogação, não uma afirmação.

A seguir, trechos da conversa gravada:
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DELCÍDIO – Ai tá, pra acabar de complicar ainda mais o jogo aparece o Eduardo Paes, com Pedro Paulo... é... com Romário. E com Ferraço (senador Ricardo Ferraço, do PMDB-ES).
EDSON – Ué, fizeram acordo, né?
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DELCÍDIO - Diz o Eduardo que fez.

EDSON - Foi Suíça...
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DELCÍDIO - Foi Suíça, é?
 
EDSON –  Tinha conta realmente do Romário.
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BERNARDO – Tinha essa conta?

DELCÍDIO – E em função disso fizeram acordo...
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EDSON – Seu amigo, banco (...)  Tira porque senão você vai preso. 

DELCÍDIO – o que eu achei estranho, ele ter chegado... O que você, Romário, o que você 'tá' fazendo aqui? Não, não vim tô acompanhando o Eduardo.
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EDSON - Esquisito

DELCÍDIO – Esquisito pra caramba
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EDSON – Essa é informação que me deram.

DELCÍDIO – Aí o, aí o, o Eduardo falou assim: não Delcídio, porque o Eduardo tenho intimidade, o Eduardo foi companheirão meu aqui, principalmente na CPI dos Correios, ele foi meu braço direito aqui … Aí disse, não Delcidio eu chamei aqui o Romário, na frente do Romário. Chamei o Romário, ó, nos acertamos uma aliança, o Romário apoiar o Pedro Paulo é isso que ele tá falando. Mas tem esse motivo.
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EDSON – Foi o que eles disseram... quem pode melhor apurar é você.
DELCIDIO – Porque, porque bicho, não é possível, hoje quando eles chegarem, ué o que vocês tão fazendo aqui? Juntos. Aí o Eduardo explicou, diz que fizeram uma composição juntos, pra apoiar Pedro Paulo.
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Nota Romário
Em seu perfil no Facebook, Romário nega a existência do acordo mencionado na conversa gravada. E, numa referência ao advogado de Cerveró, pergunta: "Qual a credibilidade do advogado de um bandido, corrupto e responsável por roubar uma das principais empresas do país?"
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O senador confirma a versão de Paes e diz que foi ao gabinete de Delcídio para tratar da aprovação de um projeto no Senado relacionado à dívida ativa de estados e municípios. Em seguida, afirma:
"No áudio, meu nome é citado. E uma história diferente da relatada acima é contada. O advogado levanta suspeita sobre um assunto que já foi esclarecido por mim e pelas autoridades brasileiras e suíças. Aqueles que novamente fazem acusações inverídicas claro que responderão à Justiça."
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Romário acrescenta: "Não é novidade para ninguém que o prefeito Eduardo Paes tem interesse que eu apoie o seu candidato à sucessão. Não sou responsável pelo que terceiros falam, apenas pelos meus atos. Assim sendo, deixo claro que não tenho nenhum acordo com ninguém e, infelizmente, o dinheiro não é meu. Digo infelizmente porque, com certeza, se fosse meu, seria fruto de muito trabalho honesto."

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