Prédios da Uerj são ocupados em São Gonçalo e no Maracanã
Alunos e integrantes do DCE protestam contra não pagamento de bolsistas, residentes e de funcionários terceirizados
Por tiago.frederico
Rio - Em um protesto contra os cortes feitos pelo governador Luiz Fernando Pezão e contra o não pagamento de bolsistas, residentes e de funcionários terceirizados, integrantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e alunos de diversos cursos decidiram, no final da noite desta segunda-feira, ocupar os campi da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), no Maracanã e em São Gonçalo.
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Um grupo montou barracas no interior do Pavilhão Reitor João Lyra Filho, o corpo principal da universidade na Zona Norte do Rio, e na Faculdade de Formação de Professores, no Patronato, bairro daquele município da Região Metropolitana. Os manifestantes passaram a noite acampados nas duas unidades e, nesta manhã, impedem a entrada de funcionários e de alunos na instituição.
"Sem perspectiva de receber bolsa, a estudantada se recusa a ter aula e ter provas sem que o Governo do Estado dê respostas satisfatórias. Semelhantes às escolas de São Paulo, não queremos ver nossa universidade fechada. Queremos ela ocupada com o que tem de melhor: seus e suas estudantes!", publicou o DCE, em sua página no Facebook.
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O diretório criticou ainda a falta de informação sobre o pagamento das bolsas de auxilio-permanência, garantidas através da lei 5346, de 11 de dezembro de 2008, que dispõe sobre o sistema de cotas na Uerj. "Uma universidade popular não pode ignorar mais da metade dos seus estudantes que dependem desse dinheiro para chegar e permanecer em seu local de estudo", explicou o DCE, pedindo a suspensão do calendário acadêmico até que as bolsas estudantis sejam pagas. Uma assembleia marcada para as 17h desta terça-feira, no auditório 71, no campus Maracanã, decidirá os rumos da ocupação.
A ASDUERJ (Associação de Docentes da Uerj) informou que apoia o movimento de ocupação da UERJ pelos estudantes representados pelo DCE e Centros Acadêmicos. Em nota, os docentes lembraram as "precárias condições que há alguns anos vêm se agravando, com atrasos recorrentes dos pagamentos de salários de professores substitutos, terceirizados (limpeza, ascensorista, agentes de segurança, da manutenção e demais) e das bolsas de estudantes, residentes, técnicos e procientistas". A entidade cobrou posicionamento imediato do governo sobre a "grave crise" enfrentada pela universidade.
Em nota curta, o reitor da Uerj, Ricardo Vieiralves, definiu a manifestação como 'legítima e motivada' .Na última semana, o reitor optou por suspender as aulas na universidade por uma semana. O motivo alegado foi a "situação de insalubridade por conta da descontinuidade dos serviços terceirizados, que afeta a segurança das pessoas e do patrimônio”.
O movimento foi também apoiado pelo músico Tico Santa Cruz, vocalista da banda Detonautas, que também postou na rede social: "Primeira Universidade pública ocupada nessa etapa das ocupações que começou nas escolas de São Paulo".
Atenção, em primeira mão. A UERJ foi ocupada HOJE às 3 da manhã. Primeira Universidade pública ocupada nessa etapa...