Rio - ‘As chamadas minorias precisam reconhecer que, no fundo, são a maioria. O caminho para assumir-se como maioria está em trabalhar as semelhanças entre si, e não só as diferenças e assim criar a unidade na diversidade, fora da qual não vejo como aperfeiçoar-se e até como construir-se uma democracia substantiva, radical.’ — Paulo Freire: Pedagogia da esperança, 1992.
Freire sempre optou por uma pedagogia política centrada na liberdade e na autonomia do ser, propondo a politização da educação como condição primordial para o indivíduo ser sujeito de sua história. Defendia que ler o mundo, lendo a palavra, surge como esperança possível para redescobrir valores e encontrar com seus semelhantes em busca de libertação das forças que os oprimem. Educação e política, na sua concepção, apontam na direção de um ser pleno de cidadania, capaz de assumir para si o comando dos seus processos de existência liberta e progressista.
Para obter resultados benéficos da escolarização para a convivência democrática, precisamos de ensino de qualidade para todos para se concretizarem plenamente, fortalecer as identidades sociais e resgatar a história de diversas regiões, ou seja, as experiências culturais interagindo dentro e fora da escola, sendo capaz de transformá-la de maneira crítica e consciente. A educação para a cidadania pretende fazer, de cada pessoa, um agente de transformação. Isso exige uma reflexão que possibilita compreender as raízes históricas da situação de miséria em que vive boa parte da população.
Em consonância com a Carta Magna de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases entende que a educação deve vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social tendo, por finalidade, o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. A educação deve estar intimamente ligada à liberdade e democracia, ampliando o saber fazer do indivíduo, a capacidade para resolver problemas, autonomia para buscar informações e capacidade de fazer escolhas.
O exercício pleno da cidadania é a forma de combater a desigualdade social e econômica da nossa sociedade. Uma cidadania ativa se faz pelo seu exercício, e a escola é o espaço possível para essa aprendizagem se promover.
Simone Viana
Professora da Estácio de Sá
Educação e política
rumo a cidadania plena