Por thiago.antunes
Rio - Nas escolas se ensina que o verde da bandeira brasileira representa as matas; o amarelo, o ouro; o azul, o céu, e o branco, o desejo de paz. Poucos brasileiros são capazes de dizer a cor das letras da frase positivista “Ordem e Progresso”, bem como a origem do termo criado por Augusto Comte, o fundador da Sociologia que o governo Temer, numa reforma da legislação sem prévio debate com a sociedade, suprimiu da formação estudantil.
É estarrecedor que um ministro semiletrado tenha recepcionado o ‘Projeto Alexandre Frota’ e o transformado em base para a Educação nacional. As cores da bandeira não representam o que muitos continuam a repetir ao longo da vida. Militares são ensinados a se enrolar nela e são infantilizados para não perceber em nome de que interesses dedicam suas inglórias vidas funcionais.
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O retângulo verde é a representação da Casa Real de Bragança, da qual veio D. Pedro I, e o losango amarelo, da Casa Imperial de Habsburgo, da qual pertencia a Imperatriz Leopoldina.
A Casa de Habsburgo chegou a governar quase toda a Europa em certo período histórico. Mas era malvista pela realeza europeia, pois a acusavam de usar suas mulheres nas barganhas políticas. Esta prática se consolidou nas relações da elite política brasileira.
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Quando da Revolução de 30, Getúlio Vargas interveio em todos os estados da federação e nomeou tenentes para os seus governos, exceto em Minas Gerais, onde reconheceu a validade da eleição de Olegário Maciel. Mas teve o cuidado de substituir as tropas trazendo militares da sua confiança oriundos do Rio Grande do Sul. Não faltaram tradicionais famílias mineiras promovendo o acasalamento de suas filhas com estes militares, a fim de se aliarem às hostes governistas.
Uma revista semanal de circulação nacional que está nas bancas noticia em sua capa: “Marcela Temer, a aposta do governo.” E complementa: “Com sua agenda de aparições nacionais, a jovem e bela primeira-dama vira a grande cartada do Palácio do Planalto para tirar a popularidade do atoleiro.”
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É vergonhoso para o jornalismo o que está estampado. Será muito mais vergonhoso para o presidente golpista se efetivamente estiver usando a imagem de sua jovem mulher, “bela, recatada e do lar”, para alavancar popularidade na falta de um programa de governo.
João Batista Damasceno é doutor em Ciência Política e juiz de Direito