Essa situação é ainda mais grave no caso Rio de Janeiro, em que a dependência econômica do setor de comércio e serviços é muito maior. Somos um estado com a terceira maior população do Brasil, mas cujo parque industrial responde apenas por 11% da produção nacional (2018) e que encolheu mais de 10% entre 2008 e 2018.
Nossa agricultura também é fraca, mais de 70% de tudo o que comemos vem de outros estados. Com o avanço da ocupação de sítios de lazer nas áreas rurais, que já teve o seu período áureo na época ciclo do café, perdemos toda a pujança agrícola.
Se considerarmos que a sede da Petrobras é no Rio de Janeiro e que sua principal área de extração se localiza na Bacia de Campos, se entende a razão da indústria fluminense ter no petróleo e derivados não apenas o seu grande representante, como também a explicação para a grande cadeia de prestadores de serviços que o setor requer.
Quando se pensa na recuperação do Estado do Rio, constata-se o quão difícil e distante essa meta está, ante a falta de uma política geral de articulação entre o governo do estado e as prefeituras. Basta observar a bagunça da vacinação na Baixada Fluminense, em que sequer um calendário unificado conseguiu-se organizar, com comunicação caótica e mudando a regra a cada dia, expondo o cidadão fluminense à humilhação nas filas e sem a garantia do imunizante.
A recuperação econômica da capital passa pela revitalização do Centro, no que a Prefeitura do Rio deve ter papel essencial. Trata-se da região com as melhores alternativas de modais de transporte da cidade, com conexões para as principais zonas urbanas e outros municípios. Nesse sentido, é inevitável uma revisão dos valores do IPTU, da destinação do uso dos imóveis e perdão de dívidas, incentivando também a moradia e o entretenimento.
Para o comércio em geral é imprescindível um programa de isenção e parcelamento de ICMS pelo governo do estado, em troca de não demissão de empregados, reabertura das portas e geração de novas vagas de emprego; mirando mais arrecadação no futuro com o crescimento econômico.
A imunidade vacinal no Rio já começou a estabilizar o ritmo de contágio, mas em patamares ainda muito altos. No segundo semestre, deverá provocar uma queda da infecção a níveis que a medicina considera suportáveis, permitindo uma liberação completa das atividades sociais e econômicas, com os devidos cuidados sanitários.
Nesse momento, não voltaremos ao que era antes, pois muitos faliram e empregos foram perdidos definitivamente. Será necessário que as políticas de retomada econômica, com o direcionamento dos governantes, sejam postas em práticas imediatamente. Entretanto, infelizmente, a sociedade fluminense não tem conhecimento de nenhuma nova política nesse sentido até agora. Precisamos ir além da ajuda financeira. Ainda dá tempo se formos rápidos, para depois não ficarmos discutindo e reclamando o que poderíamos ter feito e não fizemos.