Opinião 27 maio
Opinião 27 maio Arte Paulo Márcio
Por Claudio Hermolin*
A população carioca e o mercado imobiliário aguardam, com grande expectativa, a aprovação do projeto Reviver Centro na Câmara dos Vereadores. Pense em quatro mil prédios, sobrados e casas abandonados na região. Leve em conta que esse número foi apurado pela Associação dos Dirigentes do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ) e pelo Sindicato da Construção Civil (Sinduscon-Rio) antes da pandemia. E que não é novidade para ninguém que a necessidade de isolamento social e o home office contribuíram para piorar esse cenário e transformar o Centro no grande deserto que se vê atualmente.
Agora pense na cidade de São Paulo, que em 2013 começou a ver um boom de invasões a prédios no Centro. Leve em conta as dificuldades que o poder público enfrenta, hoje, para recuperar a área. Aí está a dimensão do desafio nas mãos dos nossos parlamentares.
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Mas vamos pensar também no Centro histórico de Paris. Ou de Buenos Aires. Ou de Montevidéu. No charme das moradias nesses bairros, que combinam imóveis comerciais e residenciais. Nas facilidades à disposição dos moradores dessas áreas, que têm uma gama de produtos, serviços e atrativos a “um elevador de distância”.
Inspirado nos melhores exemplos no mundo, o projeto Reviver Centro pretende recuperar e revitalizar uma área já dotada de toda a infraestrutura de energia, saneamento, telecomunicações e transportes. Que outra região da cidade conta com ônibus urbanos, intermunicipais e interestaduais, trens, metrô, barcas, BRT e VLT? E conta, ainda, com saídas para a Linha Vermelha, a Linha Amarela, a Avenida Brasil e a Ponte Rio-Niterói, além de estar próxima da rodoviária e do porto.
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O Centro não é futuro, é presente. Ao converter imóveis comerciais abandonados em empreendimentos residenciais, o Reviver Centro vai trazer para a região vida e movimento 24 horas por dia, sete dias da semana – uma medida muito mais eficaz que qualquer aumento de efetivo policial.
Para que isso aconteça, a chamada operação interligada é o grande trunfo do projeto, o diferencial em relação a tentativas passadas de se revitalizar a região. Com a operação interligada, ao assumir o risco de investir no Centro, o empreendedor tem como contrapartida o direito de potencial construtivo em outras áreas mais valorizadas e já consolidadas na cidade.
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Esse incentivo, porém, precisa ser agressivo. Não tenho dúvidas de que, sem a operação interligada ou com incentivos tímidos e pouco atrativos, o projeto pode não sair do papel. Basta observar que, nas últimas duas décadas, o Centro teve apenas seis lançamentos imobiliários.
Dividido em várias microrregiões, como a área da Praça Mauá, a do Campo de Santana, da Central do Brasil, da Candelária e da Cinelândia, o Centro tem perfis e comportamentos diferentes. Para os empreendedores, isso se traduz em oportunidades que vão desde o programa Casa Verde e Amarela (antigo Minha Casa, Minha Vida) até empreendimentos de médio ou alto padrão.
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Para os compradores, em oportunidades de imóveis mais compactos, adequados a jovens que querem comprar o primeiro apartamento ou pessoas que vêm de outras cidades, a grandes lofts, que podem funcionar simultaneamente como moradia e estúdios de artistas plásticos ou fotógrafos, por exemplo.
Lembrando que, no pós-pandemia, as empresas deverão manter parte dos colaboradores em home office, fazendo prevalecer o modelo híbrido de trabalho presencial e a distância, o Centro será a opção para todos aqueles que moram em bairros mais afastados do trabalho e querem evitar os grandes deslocamentos e horas no trânsito.
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Eles também poderão desfrutar, melhor do que ninguém, do Teatro Municipal, da Biblioteca Nacional, dos museus Nacional, de Arte Moderna, de Arte do Rio, do Amanhã. De toda a grande área de lazer criada com a inauguração do Boulevard Olímpico, da Roda Gigante e do AquaRio. Sem esquecer no polo gastronômico que vai nascendo no Largo de São Francisco da Prainha e da proximidade do Centro com o Aterro do Flamengo.
Então? Vamos ocupar o Centro?
*É presidente da Associação dos Dirigentes do Mercado Imobiliário (Ademi) e vice-presidente do Sindicato da Construção Civil (Sinduscon) no Rio de Janeiro