Rio - Quem já não se fez essa pergunta? Eu mesma sou uma dessas que viviam duvidando e questionando as seleções de projetos, através de editais públicos ou privados.
Após ter atuado cinco anos como parecerista do Ministério da Cultura, participado como jurada de edital da Petrobras, ter gerido três edições de um Prêmio de Jornalismo, como produtora executiva e, desde 2010, respondido pela Direção de Produção do Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras, atualmente em sua 4ª edição, que consegui entender os reais motivos que levam participantes a não passar sequer da fase de pré-seleção de editais culturais.
Após analisar projetos de várias regiões do Brasil, constatei que a maioria dos produtores, seja de pequeno ou grande porte, pessoa física ou jurídica, apresenta grande dificuldade em transmitir ideias e sentimentos através de palavras.
É gritante a falta de clareza, fluência e objetividade no desenvolvimento da mensagem, cujo entendimento deveria estar muito próximo ao seu objetivo de realização. Além disso, há engessamento de ideias que deixam o produtor em lugar-comum, pela falta de frescor, inovação e ampliação do olhar, sem nenhum diferencial que o destaque dentre tantas propostas.
Dizer que patrocínio é jogo de cartas marcadas é muito mais fácil que conseguir enxergar as próprias deficiências. Não que seja fácil captar recursos, verdade seja dita, mas ocorre que a maioria dos pseudoprodutores culturais, na realidade, o são — pelo simples fato de produzirem algo, traduzindo a função ao pé da letra. Digo, por experiência própria, que essa função é para poucos.
Um profissional de destaque deverá ter perfil de administrador, ter boa noção de finanças e estar sempre atento à legislação vigente. Porém, o que constatamos regularmente ao desclassificar um projeto muitas vezes interessante é a falta de leitura e, por conseguinte, o cumprimento das diretrizes predeterminadas.
Se você quer ser selecionado em um edital, prepare-se adequadamente, observe o solicitado detalhadamente ou contrate um profissional especializado para ajudá-lo. Abuse das novas linguagens e tecnologias, leia, pesquise o público-alvo, não esquecendo de conectar sua ideia aos ideais do seu possível patrocinador. Depois, cruze os dedos e boa sorte!
Eliede Costa é gestora cultural