Rio - O Rio de Janeiro lidera o ranking de estados com maior número de demissões entre janeiro e abril deste ano. Foram 56 mil postos de trabalho a menos no período, segundo dados oficiais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Caged. Para reverter esse quadro, o que têm feito as autoridades?
Têm acabado ou suspendido incentivos à iniciativa privada, aumentado impostos e agindo de forma intervencionista, num movimento diametralmente oposto ao que recomendam os manuais básicos de economia. Falta segurança jurídica para empreender no Rio, e esse quadro tem se agravado. O setor público parece acreditar que conseguirá superar esta crise sem apoio do setor privado. Não conseguirá.
Um dos exemplos desse intervencionismo foi a decisão do prefeito Marcelo Crivella em desapropriar recentemente a área que abriga o prédio da antiga fábrica Sabão Português, em ponto nobre da Avenida Brasil.
Já estava tudo certo para ser erguida ali mais uma unidade de um grande grupo varejista de supermercados quando — surpresa! — foi publicado no Diário Oficial do Município a intenção da Prefeitura de fazer ali — não se sabe quando nem com que dinheiro — um projeto de residências para população de baixa renda.
Não obstante a necessidade de moradias populares, há de se ter sensibilidade para enxergar o momento que o país atravessa, em particular o Rio.
Acossado pela violência, líder nas estatísticas de roubo de carga no país, quem, em sã consciência, tem hoje coragem de colocar R$ 60 milhões para erguer uma rede de atacado e varejo na cidade que está todos os dias no noticiário com cenas que muitas vezes pensamos estar acontecendo na Síria? Qualquer prefeito do mundo trataria esse empresário com tapete vermelho. Aqui, não. No Rio, puxam-lhe o tapete.
Todos sabemos que a vocação do Rio é o Turismo e o entretenimento. O esforço para captar a Copa do Mundo e as Olimpíadas para o Rio era exatamente para aumentar o fluxo turístico. Como aconteceu em Barcelona, em 1992, usado como espelho. Pois bem, neste momento não investir no Carnaval do Rio é outro fator de deseconomia e de falta de visão estratégica. O desfile das escolas de samba é fundamental para gerar receita para hotéis, bares e restaurantes.
É desta forma, tomando decisões equivocadas, que o estado e a cidade do Rio vão perdendo a chance de se reerguer. Não há receita para sair da crise a não ser atraindo novos investimentos que possam gerar emprego e renda. É isso o que faz a roda da economia girar. Não há fórmula mágica. Como dizem os especialistas, a crise só existe para quem não enxerga o mercado.
João Pedro Figueira é advogado e secretário de Governo entre 2001 e 2007