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Rio - Acabou o Carnaval, tradicional festa religiosa pela qual, em tempos passados de forte conservadorismo, se permitiam excessos a serem purgados na Quaresma, período de arrependimento e penitência. Felizmente a sociedade reconstruiu seus valores, assumindo o direito ao bem-estar e felicidade, e sequer concebe religiosidade nas festas de Momo e período que as sucede.

Mas nem tudo é festa. Recomeçado o ano, temos o escancaramento das práticas nefastas aos interesses nacionais e do povo brasileiro. O golpe parlamentar que, a exemplo de outros na América Latina para atender a interesses dos Estados Unidos, se acentua com a subtração dos direitos dos trabalhadores.

Os juízes que se colocaram a serviço da supressão da soberania popular, promovendo condenações fundamentadas em convicções sem provas, começam a ser bombardeados pelos mesmos que os incensavam. Parcela significativa da magistratura que posou de toga em apoio ao crime de violação e divulgação de conversa telefônica da presidenta da República golpeada ainda não percebeu o que se avizinha. Será triste o destino da magistratura nacional em razão das irresponsabilidades dos que não sofrerão as consequências, porque se mudarão para o exterior.

Joaquim Barbosa, que tudo começou, comprou apartamento em Miami utilizando meio discutível para se eximir do pagamento de imposto e se exonerou da Uerj, onde recebia salários enquanto era ministro em Brasília. Os juízes Moro e Bretas, antes queridos pela imprensa, agora estão na sua mira. O aniquilamento do Judiciário será acompanhado do aniquilamento dos direitos do povo aos quais deveria garantir.

O golpe é profundo. A atuação ostensiva do FBI em território nacional, desde 2014, em conjunto com a Polícia Federal e Ministério Público, foi explicitada em encontro de policiais da agência estadunidense em São Paulo. Apenas não se disse que os EUA são um dos maiores beneficiados dos efeitos da atuação dos "Torquemadas togados", com a entrega de campos do pré-sal brasileiro e o pagamento de 10 bilhões de dólares, pela Petrobras, a fundos de investimentos estadunidenses.

Enquanto isso, o presidente Lula, que acreditou em seu poder de conciliador, tal como os pelegos sindicais, está descartado do processo eleitoral por uma lei editada por ele mesmo em 2010 e corre o risco de ser trancafiado para não contribuir no processo eleitoral com as forças populares e deixar o caminho livre para os entreguistas e vendilhões da pátria.

João Batista Damasceno é doutor em Ciência Política e juiz de Direito

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