Por Marcos Espínolaadvogado criminalista

Rio - A intervenção na Segurança Pública do Rio poderia ser o melhor caminho para a retomada da ordem e da paz. Aliás, não foram poucas as vezes que sinalizamos a importância de um posicionamento efetivo do governo federal para ajudar não só os fluminenses e cariocas, mas também todos os outros estados da Federação. A Segurança Pública é um grande gargalo no Brasil, atingindo todas as capitais, sendo, portanto, um grande problema de ordem nacional. Mas, infelizmente, o mesmo erro cometido por décadas nos sucessivos governos do Rio está sendo ocorrendo agora. Uma ação sem planejamento e inteligência, demonstrando que o descaso com esse tema ultrapassa as fronteiras estaduais.

Sob o argumento de que a decisão é regida exclusivamente pelas reais necessidades de encontrar soluções dos problemas para o povo brasileiro, o Planalto, até então resistente à ideia, resolve pela intervenção numa mudança de opinião, no mínimo questionável. Afinal, os fatos que serviram como argumentos foram os episódios do Carnaval, como roubos de celulares e carteiras episódios muito aquém dos rotineiros tiroteios e arrastões pela cidade.

Fica impossível desvincular a decisão da notória derrota do governo para aprovação da Reforma da Previdência. Diante desse fracasso, somado a uma reprovação recorde de mais de 70% da população, segundo os institutos de pesquisa, a pirotecnia dos tanques e soldados na rua foi a válvula de escape para se manter vivo.

Trata-se de apostar todas as fichas no retorno que a sensação de segurança passada pelas Forças Armadas nas ruas representará para a população. Num ano eleitoral, um governo mal avaliado, liderado por um presidente com alto índice de rejeição, estrategicamente terá a seu favor a possibilidade de manipular um cenário crítico e adverso. Um desatino, pois o que vivemos hoje no Rio de Janeiro é um estado de guerra declarada, com bandidos fortemente armados. Uma matança generalizada, as polícias perseguidas e o cidadão vítima constante da violência.

Para interceder de forma eficaz e com objetivo de solucionar o problema, é preciso muito mais que os holofotes. Pelo contrário, demanda um plano estratégico para médio e longo prazo, agregando às ações militares, o fortalecimento das polícias e outros projeto sociais nas áreas da educação e da saúde que agonizam há anos. Qualquer coisa diferente disso nada mais é que utilizar toda essa manobra como moeda de troca eleitoreira.

Marcos Espínola é advogado criminalista

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