Ediel Ribeiro, jornalista, caricaturista e colunista do DIA - Divulgação
Ediel Ribeiro, jornalista, caricaturista e colunista do DIADivulgação
Por Ediel Jornalista e cartunista

Rio - Siné, cartunista do jornal satírico Charlie Hebdo (1928-2016), foi um dos desenhistas de maior sucesso na França. Veio para o Brasil depois que sua revista 'L'enragé' foi interditada pelo governo francês.

Fugiu às pressas, perseguido pela polícia de De Gaulle, por ter se juntado aos estudantes nas barricadas da 'Chienlit', em 1968. Os mesmos estudantes que, a partir daí, passaram a distribuir suas revistas pelas ruas de Paris.

Aqui, Ênio Silveira, dono da Editora Civilização Brasileira, o convidou para lançar um livro de charges com o tema CIA. A ideia era fazer uma série de desenhos ilustrando palavras que tivessem as letras C, I e A. Uma crítica velada ao governo americano.

Ciente dos riscos vivíamos uma ditadura no Brasil , Siné topou.

Jaguar dizia que Siné levava um bloco para a Praia de Ipanema e desenhava enquanto admirava as bundas das mulheres e enchia a cara de caipirinha, fumando, sem parar, cigarrilhas Talvis, arranjadas pelo amigo no mercado negro.

Fez todas as ilustrações em uma semana. Coisa de gênio. Convidado (certamente por sua fama) pelo dono de uma galeria famosa a mostrar seu trabalho, Siné viu seus os originais deste livro serem expostos como obras de arte.

Até um dos paralelepípedo de Paris, que os estudantes jogavam nos policiais, autografado por Siné, foi posto como escultura na exposição. Ao saber da fama de subversivo do artista, o dono da galeria vetou a exposição.

Puto da vida, Siné recolheu todos os desenhos, botou num jipe velho e foi encher os cornos com Jaguar, na Lapa. Ganhei o livro do Ferdo, um amigo cartunista, sócio da Livraria João do Rio, um sebo na Lapa.

Dedicatória do livro: "Ao Tio Sam, com toda a minha antipatia".

Ediel é jornalista e cartunista

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