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Rio - Dia 22 de março é o Dia Mundial da Água, e infelizmente parece que essa data ainda não se faz tão relevante para o interesse comum. Enquanto os efeitos da crise hídrica mundial já nos atingem em cheio - sobretudo os mais pobres - para a maior parte das pessoas, a água permanece sendo encarada de forma banal, como algo que não é digno de uma atenção especial. O engajamento para essas pautas ainda não é tão expressivo, e as pessoas não se sentem tão constrangidas pela negligência. Nosso comportamento denuncia que ainda subvalorizamos esse recurso natural fundamental à vida.

Quando foi a última vez em que você agiu deliberadamente preocupado com o desperdício ou a poluição da água? E quando foi a última vez em que você até pensou sobre o assunto, mas simplesmente ignorou? A familiarização popular com as ideias verdes pode até estar até crescendo paulatinamente, em boa parte no embalo de uma economia que vem tentando adequar as demandas ecológicas aos valores do mercado. Mas, vamos combinar, esses avanços não são por si só capazes de dar conta da reciclagem cultural que precisamos com urgência.

Ora, a sociedade precisa se reorganizar em seus hábitos e em seus valores. Devemos estar aptos para lidar de forma mais inteligente com os desafios globais que se impõem. Afinal, queiramos ou não enxergar, as consequências da falta de cuidado com a água estão aí: maior precipitação das chuvas e aumento das secas, contaminação, ameaça de ecossistemas inteiros, ritmo ascendente da demanda mundial por água, diminuição do nível dos aquíferos, citando apenas algumas. Será que ainda há tempo para que esperemos que essas pautas entrem no mainstream?

Coletivamente, o processo é lento, mas, individualmente, nem tanto. Comecemos então pelo básico, pelo que está ao nosso alcance. Há algumas coisas simples que podem ser praticadas em benefício da água que já possuem muito valor para o meio ambiente: se policie para não deixar tanto as torneiras abertas, seja lá o que você for fazer com a água que vem delas; preste atenção quanto à forma correta de descartar o óleo, pois cada litro é suficiente para contaminar 1 milhão de litros de água; não jogue lixo no vaso sanitário; não permita vazamentos; e por aí vai.

Em suma, no fim das contas, não é apenas pelo que a ação faz, mas pelo que ela significa. Entre o senso comum e a consciência sustentável existe um caminho, aberto pela nossa vontade de aprender, mas que só se revela no exercício do caminhar. Primeiro, então, sejamos abertos a mudanças em nossos hábitos, por menores que possam ser. Levemos esses hábitos a sério, não só simplesmente realizando, mas vivendo, e pensando o que se faz. Reproduzindo menos, criticando mais.

André Esteves é secretário-executivo do Instituto Onda Azul

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