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Por Fernando Scarpa Psicanalista

Continua morrendo gente nesse início de intervenção. Natural: é a resistência de quem ameaça perder o poder e ter seus negócios prejudicados com a chegada da legalidade. Instaurar a lei no centro da desordem não é fácil, não. Lutam o poder instituído e o paralelo. Eles têm seu primeiro round com reação à bala. É o enfrentamento do Estado, com segmentos corrompidos, lutando para não perder o lugar. Prenderam recentemente o delegado chefe das delegacias especializadas junto a seu pai - ambos estão envolvidos em crime com pães, fora o dono de uma charutaria ainda oculto em Portugal. Agentes da Receita Federal faziam vistas grossas para a entrada de mercadoria no aeroporto. Ministros do STF batem boca e adiam o HC, o paciente não pode ser preso, o Supremo existe para eles, por eles.

Lula esperneia, é parceiro; se preso, ameaça muitos, tem razão! Vão prender o sócio, logo ele, parceirão do passado? Sacanagem! A maioria deles deve o cargo a ele! Gratos, começaram enrolando, fatiando e adaptando a lei. Dia 4 de abril, alguém pede vistas do processo, e lá vamos nós perder Lula de vista. O teatro estava montado. Tem bandido solto e bandido preso, a lei varia com o réu, é a lei.

Sobre a morte da vereadora Marielle, é papo furado a história de "vamos apurar rigorosamente". Então eles vão se denunciar? Mexer com direitos ilegais adquiridos é risco de morte. A intervenção incomoda, altera antigos tratos, tira o conforto dos estabelecidos no longo relacionamento com a contravenção. Romper esse caso de amor bandido respinga sangue no país. Matar uma militante negra e atuante dá Ibope, atrai a atenção da nação, mobiliza emoções, traz visibilidade mundial. O poder paralelo se exibe utilizando munição e armas oficiais e entrega o convívio.

A humanidade sempre se utilizou de um cadáver. Nada como uma morte para se render. Impossível continuar a barbárie e não há cura. O Estado adoeceu do caráter. Estamos condenados, contaminados. Se ganha dinheiro e se mata a vontade, perde-se muito, é como criação de pintos! O conjunto da obra Brasil deteriorou; corrupção virou meio de vida. Levar vantagem e ser intermediário é o que há de melhor e mais lucrativo. STF? "Qual é o teu negocio? O nome do teu sócio? Cofia em mim!". Certo, Cazuza?

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