Por André Esteves Secretário Executivo do Instituto OndAzul

Rio - Empoderamento. Trata-se de uma palavra-chave, e não é à toa que está tão em voga. Quem aí nunca ouviu esse termo? Ele aponta para a tomada de rédeas, ou a saída de um estado de mera obediência para um estado de autonomia e responsabilidade. Penso que deveríamos adotar esse termo como princípio de uma nova forma de fazer política no dia-a-dia, e assim, quem sabe, dissolver aos poucos os maníqueísmos insustentáveis que ainda estão em voga em nossa cultura. Já que hoje é dia 1º de maio, Dia do Trabalho, uma breve crítica sobre essa data à luz de tal conceito me parece pertinente.

O que, afinal, comemoramos neste dia? Tenho a impressão de que nessas terras tupiniquins se esqueceu bastante da conotação de empoderamento que essa data carrega, que é simbólica para todos que desejam dignidade no exercício de suas profissões. Estamos por demais acostumados a terceirizar nossas responsabilidades. Ora, este feriado é um reconhecimento oficial da importância que há na participação ativa dos trabalhadores em suas lutas.

Se queremos conquistar melhores condições de trabalho e previdência, não só podemos como devemos exercer nosso papel enquanto agentes individuais nesse processo. Mesmo que haja representantes cuidando desses assuntos para nós, essas lutas precisam ter em cada cidadão o seu lastro. O trabalhador não pode querer que o libertem se ele mesmo não busca os caminhos para sua libertação. O contrário disso é ingenuidade.

A cidadania hoje está em coma: é hora de reanimá-la. E não é possível manter democracia alguma sobre uma nação de cidadãos obedientes e desinteressados. Empoderamento cidadão seria, portanto, uma tomada de consciência por parte do indivíduo, membro articulado que é dentro do corpo político social. Pois cada um de nós temos tanto direitos como deveres; logo, não podemos apenas cobrar, mas também devemos agir.

Sobre o feriado de hoje, vale lembrar também que ele coincide com o aniversário da criação da Consolidação das Leis Trabalhistas, a CLT, assinada pelo ex-presidente Getúlio Vargas há 75 anos atrás. Desde então, o texto dessa lei já passou por diversas atualizações, e neste ano uma nova versão do documento entrará em vigor. Pretende-se por um lado modernizar o texto à luz dos novos tempos e das novas necessidades, mas por outro lado várias das mudanças têm sido alvo de críticas pesadas.

O fato é que, independentemente dos saldos dessa reforma trabalhista, não podemos sobrar como meros espectadores. Deveríamos fazer do empoderamento cidadão o valor máximo de um novo Brasil. E o primeiro passo fundamental para isso é nutrirmos a certeza de que somos livres, e não escravos; ativos, e não passivos. Nosso poder de provocar mudanças é altíssimo, mesmo que estejamos reprimidos e esmagados. Podemos esquecer nosso valor, mas de um modo ou de outro ele não perece, não importa o que digam.

Neste dia 1º de maio, então, conclamo os trabalhadores brasileiros: empoderem-se!

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