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Por Roberto Muylaert

Rio - Não é difícil imaginar um projeto em que o Brasil possa cumprir o preceito da Constituição Federal em que o Governo deve promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Estamos distantes disso, a começar pela diferença abissal de renda entre as camadas ricas e pobres da população.

A sociedade afluente do Brasil tem uma certa dificuldade em entender que uma diferença como a que se chegou por aqui não ajuda a ninguém. Seria melhor morar num país mais justo, com um mínimo de educação, saúde, e renda para todos, com os milhões de funcionários se empenhando para minorar as dificuldades de quem enfrenta os serviços públicos.

A saída mais comum dos incomodados é para Miami, ou Lisboa, deixando para trás esse país "tão desagradável e inseguro para quem caminha pelas ruas das grandes cidades". Esse pessoal que agora viaja e fica no exterior ganhou dinheiro aqui, nas fases econômicas favoráveis da nossa economia. Refiro-me aos que ganharam dinheiro dando duro, não aqueles que ficaram milionários por vias excusas. Estes, em geral, são os que mais empinam o nariz para seus semelhantes, mesmo que sua fortuna tenha vindo de uma informação privilegiada, por exemplo, quanto a uma desvalorização do dólar.

A eles se aplica a frase de Machado de Assis, em 'Memórias Póstumas de Brás Cubas', sobre a moeda de Vespasiano, onde o imperador romano impôs tributos até para o uso das latrinas. Questionado por seu filho, disse: "dinheiro não tem cheiro".

Para melhorar o país e dar oportunidade a quem precisa e espera há muito tempo temos uma enorme lacuna nos Três Poderes, de onde não surgem soluções que beneficiem o povo. Parece que a última coisa que comove quem detém o poder é promover o bem de todos.

Se fosse possível ter esses poderosos a serviço da nação, o quadro da desigualdade seria minimizado pelo trabalho de todos, deixando a livre iniciativa gerar empregos.

Os governos populistas, adeptos do socialismo entre países, acham que tudo deve virar estatal, com recursos na mão do governo, para distribuir em programas sociais. Isso vale em casos extremos, como o programa Fome Zero. Fora isso não faz sentido concentrar recursos na mão de uma estrutura perdulária e desonesta, que levou ao quadro de hoje, onde não há dinheiro que chegue para suprir as gorduras governamentais. O Poder Executivo e as empresas estatais estão sempre falidos, por excesso de gastos e uma inoperância histórica, fora a roubalheira. Por isso, precisam arrecadar mais e mais, para depois desperdiçar os recursos que um dia foram nossos. Melhor deixá-los com quem trabalhou para ganhar o dinheiro. E que seja minimizado o Estado que cria problemas e emperra atividades.

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