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Por Ruy Chaves Especialista em Educação

Aprendi com meu amigo Aristóteles, o mais notável discípulo de Platão: a Política é a ciência que tem por objeto a felicidade humana, a felicidade individual do homem na polis, a cidade, e a felicidade de todos da polis.

Aristóteles discutia formas de governo e instituições capazes de assegurar vida feliz ao cidadão e entendia a Política como ciência prática que busca o conhecimento como instrumento para a ação. Mas a Política é também arte, capacidade de dar vida à filosofia, ao sonho, ao bem comum.

A vontade é o elemento dinâmico do poder e a ação política é o elemento dinâmico do Estado, a quem cabe maximizar a compatibilização entre fins a atingir e meios a empregar.

Assim, os fins da atividade política precisam ser os reais interesses da comunidade, etapas intermediárias para a realização de seu bem maior, objetivo síntese da vida em sociedade política e juridicamente organizada, o bem comum, ideal de convivência que transcende a busca do bem-estar e permite construir uma sociedade onde todos tenham condições de plena realização de suas potencialidades sob consciência e prática de valores éticos, morais e espirituais.

Sempre ouvi de Sócrates: o mais capaz de fazer o bem é o mais capaz de fazer o mal maior! Então, se exercem ação política com ciência e arte a serviço do bem comum, cuidando exclusivamente das razões de Estado, os representantes da sociedade cumprem com honra seu papel essencial

No entanto, se a ação política cuida principalmente das razões de governo, de interesses vis de grupos dominantes para sua ganância e perpetuação, sem compromissos com a felicidade de cada indivíduo e de todos, arruína a sociedade e impõe o mal maior.

A moradia digna é direito básico da cidadania, imprescindível à paz social, à felicidade e ao bem comum. Consequência de séculos de ações políticas corruptas ou incompetentes, temos, no Brasil, entre outros problemas dantescos, um déficit de 6,4 milhões de moradias, o que cria pessoas sub cidadãs e as obriga a viver nas ruas ou em comunidades degradadas distantes dos centros de empregabilidade ou exploradas em prédios abandonados.

Absurdo: diz o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que o Brasil tem 8 milhões de imóveis vazios! A nação solidária sangra com a recente tragédia em São Paulo, mas a ação política continua a fazer o mal maior. Até quando? Panta rei.

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