Dácia Cristina Teles de Menezes - CRESS-RJ
Dácia Cristina Teles de MenezesCRESS-RJ
Por O Dia

Rio - O Serviço Social passou por transformações desde o seu surgimento no Brasil, com destaque para sua atuação e luta no período da redemocratização brasileira dos anos 1980. Hoje, possuímos um projeto ético-político que orienta a atuação de nossos profissionais na direção da garantia e ampliação de direitos.

No Rio de Janeiro, somos cerca de 17 mil profissionais registrados no Conselho Regional de Serviço Social (CRESS/RJ) que trabalham tanto nos serviços públicos quanto nos privados. Uma categoria que também vive a crise das prioridades do Estado em razão do desinvestimento do governo estadual nos gastos sociais e de desvios dos recursos públicos, cujas consequências são a precarização das condições éticas e técnicas de trabalho e o sucateamento de espaços ocupacionais, bem como o aumento do desemprego e atrasos nos salários.

Faz-se necessário contextualizar que 2018 tem apresentado um cenário muito duro e regressivo, que vai desde a intervenção militar na cidade do Rio de Janeiro ao assassinato da vereadora Marielle Franco e do seu motorista, Anderson Gomes. A esse cenário se somam as demonstrações de racismo e outras formas de intolerância, que se tornam mais recorrentes, levando o Brasil a estar no topo da lista de países que mais matam pessoas LGBT por preconceito. Igualmente aumentam a descriminação e violências contra mulheres, índios, população em situação de rua, pessoas com deficiência, imigrantes e outros segmentos que têm seus corpos violados e desprezados.

Essas situações nos colocam o desafio de sermos criativos em nossas respostas profissionais nos diferentes campos de atuação, com possibilidades de trabalharmos em equipes multiprofissionais, articulando o acesso da população a serviços e direitos, em frentes e fóruns de formulação de políticas, bem como assumirmos cargos de gestão coordenando equipes técnicas e serviços.

No âmbito nacional, o conjunto da categoria realiza um encontro anual onde são construídos coletivamente os rumos da profissão e indicadas suas bandeiras de lutas. Neste ano, a campanha da categoria, que tem o 15 de maio como seu dia comemorativo nacional, é a luta intransigente contra o racismo. Não poderia ser diferente, visto que as estatísticas têm apontado o aumento da violência, nas formas de perseguições, torturas, assassinatos e genocídios, com índices crescentes contra jovens negros pobres que moram na periferia.

Nesses tempos de conservadorismo, de ataques e regressão de direitos da população em todas as esferas de governo, a escolha das assistentes sociais é a resistência. É resistir e lutar ao lado dos movimentos sociais e demais trabalhadores por novos direitos e pela manutenção daqueles duramente conquistados, porque somos da classe trabalhadora e é ela que nós escolhemos fortalecer. Continuaremos lutando sempre, pois não temos tempo de temer! Somos todas lutadoras! Somos todas Marielle!

Dácia Cristina Teles Costa é presidenta do Conselho Regional de Serviço Social do RJ

Você pode gostar
Comentários