Marcos Espínola - Divulgação
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Por O Dia

Rio - Depois de anos de ascensão, o crime organizado não só cresceu o seu poderio bélico e sua estrutura organizacional, como também se consolidou como um poder paralelo tão forte quanto o constituído. É lamentável reconhecer isso, mas o fato é que o Brasil de dimensões continentais se tornou um país com a criminalidade presente em toda a sua extensão, iniciando nas fronteiras, passando no meio rural e chegando ao perímetro urbano. O Rio de Janeiro de hoje representa bem esta mazela social, na qual até mortes são determinadas por um "tribunal" de criminosos, sedentos para matar.

E não são poucos os exemplos, a começar pelas constantes balas perdidas, que fazem centenas de vítimas a cada ano. Mais grave ainda é quando a pena de morte é determinada sem um motivo real, ou seja, quando simplesmente um cidadão mal direcionado pelo seu GPS acaba entrando enganado numa comunidade e alvejado por tiros.

Mas há outros episódios, como o que aconteceu com a estudante Matheusa Passarelli morta ao entrar numa favela, sendo julgada e condenada pelos traficantes. Ainda no Rio, três taxistas foram encontrados mortos após saírem de festa na comunidade Pavão-Pavãozinho, na zona sul, por serem identificados como X9 pelos traficantes. Coincidência ou não, o fato é que estamos perdendo o nosso direito de ir e vir, a nossa liberdade de expressão, entre outras garantias legítimas, o que significa que a força da violência está superando os direitos constitucionais.

As mortes da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes trazem consigo fortes indícios dessa nova triste realidade. A autoria do crime continua desconhecida, mas, segundo as últimas informações, as investigações apontam para facções criminosas que queriam a morte da vereadora, por ela atrapalhar o esquema deles em determinadas comunidades da zona oeste da cidade.

Assim, dentre tantos exemplos que podíamos listar aqui, lembrando o caso Tim Lopes, que no exercício da profissão foi julgado e condenado a morte pelos traficantes do Complexo do Alemão, temos a certeza da existência de um tribunal do crime que, pouco a pouco, vai matando o indivíduo e a cidadania diante de um poder constituído vulnerável e inseguro.

Marcos Espínola é advogado criminalista

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