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Por O Dia

Rio - Segundo dados da ONU, existem no mundo cerca de 1 bilhão de pessoas com algum tipo de deficiência. Isso significa dizer que em cada grupo de sete pessoas uma tem deficiência. As fontes ainda informam que 80% desses indivíduos estão nos países em desenvolvimento, sendo que 150 milhões são crianças ou jovens com menos de 18 anos, além de afirmar que essas crianças têm maior dificuldade de completar a escola primária do que as crianças sem deficiência. Nos países desenvolvidos, 60% das crianças com deficiência completam essa etapa dos estudos, enquanto nos países em desenvolvimento apenas 45% dos meninos e 32% das meninas completam o ensino primário.

A deficiência aumenta o custo de vida da pessoa, em média, um terço da renda, e o risco de pobreza e exclusão é maior, sobretudo para pessoas com deficiência grave, não havendo diferenças expressivas entre homens e mulheres. Isso pode ser explicado pela dificuldade de acesso à educação, menores taxas de emprego, menores salários e maior despesa com os cuidados de saúde, em comparação com as pessoas sem deficiência.

A falta de acessibilidade urbana, nas edificações e nos transportes, são fatores que segregam e implicam no distanciamento da pessoa com deficiência da educação e da qualificação profissional, consequentemente impedindo o acesso ao mercado de trabalho. Tudo isso leva essas pessoas a maior grau de dependência econômica, ocasionando dificuldade financeira e pobreza de todo o grupo familiar.

Por outro lado, assistimos em todo o país a construção de novos condomínios com rampas instaladas que quase sempre terminam com um pequeno degrau. Nos banheiros ainda são usadas portas de 60 cm, quando nos países desenvolvidos estas portas não são mais fabricadas. Calçadas públicas são repaginadas com aplicação de pisos táteis que muitas vezes levam a situações perigosas. Empresas que são legalmente obrigadas a empregar pessoas com deficiência buscam as deficiências leves, ao invés de investir em acessibilidade e em implantação de novas tecnologias que permitam a ação de trabalhadores com deficiência mais severa em condições de igualdade com os demais empregados.

Assim, enquanto os números acima são reais e preocupantes, percebe-se que a aplicação da acessibilidade em nossas cidades ocorre mais por modismo do que por necessidade de dar acesso efetivo a quem precisa. É urgente uma instituição de políticas públicas sérias que garantam acessibilidade como base para uma maior e real inclusão social do segmento ou, neste quesito, transitaremos por longo tempo o doloroso caminho do subdesenvolvimento.

Geraldo Nogueira é subsecretário da Pessoa com Deficiência no Município do Rio de Janeiro

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