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Por O Dia

Rio - "A verdadeira dificuldade não está em aceitar ideias novas, está em escapar das ideias antigas". A frase do célebre economista inglês John Keynes (1883-1946) ilustra bem a atual realidade do turismo brasileiro. Estamos em uma bifurcação, em que um caminho aponta para a mudança de paradigma na condução das políticas de turismo e o outro para a manutenção de um modelo visivelmente esgotado, no qual o setor não é visto como prioridade de Estado e nem explorado em todo o seu potencial.

Parece simples a tomada de posição se olharmos os números do turismo internacional, que vêm confrontando o cenário de crise. Em 2017, o setor cresceu 7%, com a circulação de 1,3 bilhão de viajantes, alcançando o melhor resultado dos últimos sete anos, de acordo com a Organização Mundial de Turismo. O número de empregos gerados pelo turismo também é impactante. Durante a 8ª Reunião dos Ministros do Turismo do G20, realizada em abril na Argentina, foram apresentados os últimos dados referentes à força de trabalho no setor. De acordo com o Conselho Mundial de Turismo e Viagens (WTTC), o turismo responde por um em cada 10 empregos no planeta.

Esse dado comprova o poder transformador de nosso setor, que continua empregando enquanto diversas empresas estão fechando suas vagas. Se a tecnologia muitas vezes tira o emprego do trabalhador da indústria, por exemplo, no turismo ela é uma aliada na criação e concepção de novos produtos turísticos. Diante dessa nova realidade, sugeri ao grupo de ministros trabalharmos um novo mote no setor. Nossa linha condutora agora será "turismo, trabalhamos para gerar empregos".

No Brasil, 11ª economia de turismo do mundo, ainda mantemos o discurso que enaltece nosso potencial - somos o primeiro em recursos naturais e 8º em recursos culturais - como diferencial competitivo. Porém, precisamos de muito mais para transformar essa capacidade em produtos e serviços que encantem o brasileiro e atraia o estrangeiro. O Ministério do Turismo escolheu o lado das ideias novas e trabalha uma agenda de iniciativas para superar gargalos e impulsionar o setor.

Adotamos medidas de facilitação de viagens, com o objetivo de ampliar o fluxo internacional. Implantamos o visto eletrônico para Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão. Somente nos dois primeiros meses do ano, houve alta de 48,2% no número de solicitações de e-visa por estes países. Aguardamos deliberação do Congresso Nacional sobre a proposta de abertura de 100% do capital das empresas aéreas nacionais a investidores estrangeiros, que pode ampliar o número de empresas e voos. Da mesma forma, está sob análise a mudança de status da Embratur, que passaria a funcionar como agência, com mais independência para turbinar a promoção do Brasil.

Sabemos que nenhum plano de desenvolvimento se sustenta sem a injeção de recursos. Assim, lançamos neste ano o Prodetur Turismo, com R$ 5 bilhões disponíveis do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) e do BNDES para financiar projetos de estados e municípios, como no Rio de Janeiro.

Um setor de tamanha pujança, com vocação comprovada para gerar riquezas, não pode ser negligenciado. Precisamos das novas e boas ideias para avançar neste processo de transformação que fará o Brasil caminhar lado a lado com países que apostaram no turismo como vetor para o desenvolvimento. O nosso país precisa recuperar a capacidade de imaginar seu futuro.

Vinicius Lummertz é ministro do Turismo

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