Ruy Chaves, colunista do DIA - Divulgação
Ruy Chaves, colunista do DIADivulgação
Por Ruy Chaves Especialista em Educação

O homem é um animal naturalmente político, destinado a viver em sociedade política e juridicamente organizada, insistia meu amigo Aristóteles há 2.500 anos. Éramos jovens, frequentávamos a Academia de Platão e Sócrates já nos ensinara: o indivíduo não se basta, o Estado existe para atender às necessidades do homem.

Muitos séculos depois voltei ao tema com outros amigos, contratualistas, que justificavam os caminhos históricos que as pessoas teriam percorrido para a garantia de uma ordem social de proteção, de bem-estar e de desenvolvimento, formando Estados. Por meio de um pacto social semelhante a um contrato, as pessoas abdicariam de sua individualidade plena, cederiam alguns de seus direitos, ou todos os seus direitos, e se submeteriam a regras de convivência, a uma ética de princípios, a um determinado regime político e à autoridade dos governantes que escolhiam ou lhes eram impostos.

De Hobbes, em 1651, ouvi que no estado de natureza não há poder instituído, onde não há poder não há leis e onde não há leis não há injustiça: pertencerá ao homem aquilo que for capaz de tomar e apenas enquanto capaz de manter. O que distingue o homem do animal é a razão, que a maioria dos homens não sabe usar, e se o homem em sua natureza é ruim em sociedade fica ainda pior e depende de um Estado forte para sua proteção e desenvolvimento. Sob o temor da morte violenta o homem se submete ao poder do senhor total, o Leviatã, e assim constitui o Estado. Hobbes inspira governos totalitários.

Depois, Locke: ao nascer o homem é uma tábula rasa, uma folha em branco, que em si mesmo não sabe o que é o bem nem o que é o mal, mas que em sua natureza tende para o bem e na vida em sociedade se educa, se transforma em pessoa melhor e se faz realmente humano.

Já Rousseau, no século 18, impressionado pelas notícias que chegavam à Europa sobre a pureza dos índios americanos, entendia que em sua natureza o homem é bom, amando a justiça e a ordem, sem perversidade original em seu coração. A sociedade, regida pela ação política, é responsável pela degeneração do homem, a vida em sociedade corrompe a natureza humana. Locke e Rousseau, e Montesquieu, são pais da democracia representativa.

Considerando o Brasil atual, quem tem razão? Sócrates, Aristóteles, Hobbes, Locke ou Rousseau? Ou nenhum deles? Panta rei.

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