O Maracanãzinho, inaugurado em 1954, ganhou expressão na alma carioca, alçado ao patamar de um dos símbolos desta Olímpica e Maravilhosa Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Uma cesta fulminante, no último segundo de um jogo, carimbou o Flamengo como campeão carioca de basquete nos idos de 1955, vitimando Gilberto Cardoso, o presidente do clube. O enfarte, ocorrido no ginásio, ao final do jogo, foi fatal e, por isso mesmo, esta arena esportiva e de tantos outros eventos culturais merecidamente ganhou o seu nome.
No Maracanãzinho, o Brasil sagrou-se bicampeão mundial de basquete em 1963, sob o comando do legendário técnico Kanela (tio de Jô Soares). Títulos se somaram em diversos esportes em seu interior, a exemplo de modalidadess tais como o vôlei ou o judô.
Entre festas e tragédias, o ginásio sofreu um grande incêndio, nos anos 1960, sem que, contudo, se desestabilizassem suas estruturas. Isto permitiu a abertura de portas para formaturas, missas, holiday on ice e balés, além de eleições e contagens de votos.
Em momentos de exceção, o Ginásio Gilberto Cardoso acolheu os flagelados dos temporais nos janeiros de 1966 e 1967, o que na "boca do povo" se devia à retirada do feriado do Padroeiro, São Sebastião, 20 de janeiro, data que voltou ao calendário oficial por conta dos reclamos populares.
No Maracanãzinho, os concursos de misses, "que outrora paravam o país", consagraram as Misses Universo Ieda Maria Vargas (1963), Marta Vasconcelos (1968), mais Lúcia Petterle, Miss Guanabara que abiscoitou a coroa e o cetro de Miss Mundo 1971, em Londres.
Ainda nos certames de beleza, Vera Lúcia Couto dos Santos, do Clube Renascença (1964), a mulata bossa nova, aclamada pela famosa marchinha carnavalesca de João Roberto Kelly, tornou-se a primeira negra a se classificar em certame internacional de beleza, com um terceiro lugar, em Long Beach, nos Estados Unidos.
No campo das artes, cantores de grande popularidade lotaram o ginásio em retumbantes apresentações. Assim sucederam Marlene, a Rainha do Rádio, bem como o Rei, Roberto Carlos, passando por Ney Matogrosso, mais Simone e até estrangeiros, a despeito de sua acústica um tanto precária.
Constam dos anais do ginásio, ainda, os festivais da canção e de música de carnaval, ecoando sucessos, ou polêmicas melodias ou mesmo aquelas que se perderam na voragem do tempo. Geraldo Vandré foi ovacionado com 'Caminhando'. Dalva de Oliveira venceu com 'Bandeira Branca' para inundar de alegria as ruas do país em meio à folia.
Em 2007, o Ginásio Gilberto Cardoso recebeu uma nova roupagem para abrigar as competições dos Jogos Pan-Americanos. E, em 2016, o Maracanãzinho foi... digamos "repaginado" para o maior evento do planeta: os Jogos Olímpicos.
No entanto, convenhamos: ele era bem mais simpático com arquibancadas nuas e uma certa esculhambação, uma espécie de extensão de nossas casas.
