Aristóteles Drummond, colunista do DIA - Divulgação
Aristóteles Drummond, colunista do DIADivulgação
Por Aristóteles Drummond Jornalista

Rio - Este agosto marca o centenário de um dos maiores realizadores da história republicana: Mario Andreazza. Poucos fizeram tanto pelo país em termos de estradas, saneamento, habitação e pela integração de territórios como Rondônia e Roraima, hoje estados da federação.

Andreazza veio com o presidente Arthur da Costa e Silva, numa equipe de jovens que deram início à maior arrancada desenvolvimentista do Brasil, tendo no comando da economia, Delfim Netto, então com 39 anos.

Como ministro dos Transportes, inovou ao mandar duplicar a Via Dutra - que liga o Rio a São Paulo - em regime de urgência e aproveitando a estrada existente. E mandou asfaltar a emblemática Belém-Brasilia, que era intransitável parte do ano. Pragmático, derrubava entraves burocráticos.

Deve-se a ele estradas fundamentais, como a Rio-Santos, cuja obra se arrastava há décadas, a Rio-Juiz de Fora - na gestão de Elizeu Rezende, membro de sua equipe -, e a ligação do Rio Grande à fronteira uruguaia com estradas de qualidade. Fez ainda a BR 135, que liga a Bahia, a BR 040, na altura da mineira Curvelo, além das fundamentais Transamazônica, Manaus-Porto Velho e Manaus-Boavista, Cuiabá -Santarém . Construiu, com muita vontade e prestígio político, a Ponte Rio-Niterói, batizada com o nome de Presidente Costa e Silva, criticada veementemente pela oposição.

Um fenômeno de dinamismo, entusiasmo e coragem, esse brasileiro de grandes obras também era dotado de grande sensibilidade social. Foi ele quem mais construiu casas populares e investiu no saneamento básico, quando no ministério do Interior, no governo João Figueiredo. E era respeitado e reconhecido pela correção, da qual é prova a vida relativamente modesta de sua viúva, ainda viva, dos filhos e netos. Ciente de suas responsabilidades em momento grave da vida nacional,assinou o AI-5 , solidário com seus companheiros de ministério, quase todos civis.

Naturalmente seu nome foi cogitado para a sucessão de Figueiredo. Mas perdeu a indicação para Paulo Maluf, por larga margem, pois a convenção foi livre e seu oponente, além de apresentar também um grande acervo de obras, era político dedicado e preparava a convenção há muito. Caso enfrentasse qualquer um dos demais nomes citados a época, Andreazza teria vencido fácil.

O Brasil não pode esquecer benfeitores como esse. Espera-se, aliás, que ele sirva de exemplo para o surgimento de um novo fenômeno com a mesma disposição, honestidade e competência para realizar. De fofocar, estamos cheios.

Abaixo a ingratidão! Obrigado Mário Andreazza!

Aristóteles Drummond é jornalista

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