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Por Marcus Tavares Professor e jornalista

O Rio de Janeiro se despede amanhã da 26ª edição do Festival Internacional de Animação Anima Mundi, que, mesmo com o cenário de crise no país, conseguiu, mais uma vez, cumprir com a sua missão de entreter e despertar/expandir a cultura da animação entre crianças, jovens e adultos. E, é claro, entre criadores, produtores e distribuidores. Salva de palmas para toda a equipe de produção e para os quatro diretores: Aída Queiroz, Cesar Coelho, Lea Zagury e Marcos Magalhães.

Há três anos tenho a honra de participar do Júri Profissional, tarefa nada fácil. Afinal, o festival reúne uma rica e diversa produção animada dos quatro cantos do mundo. Nesta edição, assistir a cerca de 50 curtas (é bom explicar que, desta vez, conferir os curtas voltados para jovens e adultos).

Três deles me chamaram muito a atenção. O primeiro chama-se Late Afternoon (De tardinha), de Louise Bagnall, da Irlanda. Um filme muito singelo e bonito. Uma velha senhora sentada numa poltrona relembra suas memórias de vida, da infância à maternidade. Ela vive entre dois tempos, o passado e o presente. Mas quando se lembra do nome de sua filha, Katie, tudo faz sentido. Poético e sensível. Não tem como não se emocionar.

Hybrids (Híbridos) é o nome do segundo. A obra francesa, assinada por Florian Brauch, Matthieu Pujol, Kim Tailhades, Yohan Thireau e Romain Thirion, mostra uma realidade não tão distante de nós: espécies da fauna marinha transformadas, literalmente, pela poluição humana. Elas vivem num mundo onde as regras de sobrevivência mudaram. A animação é de primeira e a história impactante.

O terceiro é uma coprodução entre Portugal e França. 'Entre sombras', de Mônica Santos e Alice Guimarães, conta a história de Natália, uma funcionária de um banco, no qual os indivíduos não guardam dinheiro, mas, sim, corações. A animação em pixilation e stop motion é muito divertida e inusitada. Na trama, Natália fica dividida entre dar o coração dela ou guardá-lo para si.

Há outros também interessantes, como Weekends, de Trevor Jimenez, dos EUA. O vídeo mostra a vida de um menino que passa os finais de semana entre a casa dos seus pais, recém-divorciados e que já estão no começo de outras relações. Destaco também o Polska Warrior, de Cameil Schouwenaar, da Holanda. Na obra, o menino Eryk fica feliz quando é o Polska Warrior, o herói do game Goldhunter. Na vida virtual, ele é o grande campeão. Na vida real, enfrenta problemas com o pai e com as aulas de natação. Mas um dia tudo muda e ele consegue ser tão destemido e corajoso quanto o seu avatar.

Não posso terminar esse texto sem destacar curtas bem engraçados: o americano Goose in High Heels, de John Dilworth, que traz três histórias interligadas com foco num escritor que busca glória; o francês La Mort, Pere & Fils, de Denis Walgenwitz (o filho da Morte não quer seguir os negócios da família, quer se tornar um anjo da guarda); e o argentino Heroes, de Juan Pablo Zaramella (um time de lutadores, formado por dedos da mão, enfrenta mais uma queda de braço). Acesse a web e procure os trailers dos filmes. Vale a pena.

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