Opinião30julho - ARTE
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Por Marcos Espínola*

A crise ética no Brasil tão comentada nos últimos anos é como um câncer em estágio avançado, ou seja, cuja metástase é praticamente incontrolável e inevitável. Se observarmos ao nosso redor perceberemos que o péssimo exemplo vindo de muitos daqueles que comandam (ou deveriam comandar) a nossa nação prolifera em vários setores da sociedade, mostrando que precisamos urgentemente rever nossos conceitos. Isso só conseguiremos com mudança de visão e educação para que a cultura do "jeitinho brasileiro", definitivamente, deixe de existir.

Poderíamos dizer que o problema está só na gestão pública, mas isso não é verdade. Claro que muita coisa passa por aí, mas a iniciativa privada corrobora com a cultura da vantagem, da corrupção. Aliás, cada cidadão em algum nível é responsável por essa "cara" que o Brasil adotou há anos. Ao furar uma fila, ao estacionar em vagas destinadas para idosos ou portadores de necessidades especiais, ao dirigir alcoolizado, entre tantos outros exemplos, cada um de nós colabora com a falta de ética que assombra o país.

Recentemente, por exemplo, um levantamento da direção geral da Polícia Federal apontou que o Rio de Janeiro foi o estado que mais teve armas desviadas dos seus estoques no país. Das 404 armas extraviadas em todo o Brasil nos últimos 11 anos, 80 eram de responsabilidade da superintendência do Rio. Segundo o levantamento, isso significa que, ao longo desse período, uma média de sete armas a cada ano saíram das mãos de policiais para o crime organizado. Não podemos afirmar quem ou como, mas inevitavelmente, está claro que alguém, em algum momento, feriu a ética, comprometendo a imagem de uma das instituições mais sérias do país.

Na área da Medicina, temos outro triste exemplo. Os recentes episódios, envolvendo procedimentos estéticos, demonstram claramente a falta de ética profissional. Um desrespeito não só com uma das principais profissões da sociedade, mas com a própria vida humana. Sem o menor pudor, cidadãos submetem pacientes a procedimentos sem respaldo médico ou estrutura, colocando em risco a integridade do cidadão. Mais que isso. Tirando-lhes a vida.

Enfim, poderíamos dar inúmeros exemplos em que a falta de ética se encontra presente em nosso cotidiano, fazendo com que o nosso desenvolvimento enquanto nação caminhe ainda de forma lenta e essa "cultura" continue se proliferando em nossa sociedade.

(*Advogado criminalista)

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