Aristóteles Drummond, colunista do DIA - Divulgação
Aristóteles Drummond, colunista do DIADivulgação
Por Jornalista

Acaba de ser lançado 'Volta ao Poder', o livro que reúne a correspondência entre Getúlio Vargas e sua filha Alzira do Amaral Peixoto, com quem tinha relações próximas nos assuntos políticos e administrativos. Era a filha que se interessava por tais temas, o que não era o caso dos demais - Jandira, Lutero e Maneco, embora este tenha exercido mandatos municipais em São Borja. A obra, em dois volumes, trata do período que vai da deposição à eleição em 1950.

Trata-se de um precioso relato das articulações políticas de candidatos, desde a eleição do Marechal Dutra a própria campanha de 1950, passando pela Constituinte de 1946, em que Getúlio foi eleito senador e deputado por diferentes estados. Mas, além disso, o livro mostra como se fazia política naquele tempo. E evidencia a vida modesta de fazendeiro de quem exerceu o poder por 15 anos.

As articulações, alianças e composições eram feitas com base na gratidão, na identidade de pensamento, na habilidade, no trânsito pessoal. Tudo sem o lado cinza do uso da função pública como moeda de troca.

Getúlio contou mesmo para a volta ao poder com os companheiros de 1930 até o fim do Estado Novo, espalhados pelo PSD. No partido, estavam políticos como: Benedito Valadares, governador de Minas escolhido por ele; JK, que foi prefeito nomeado de BH, deputado constituinte e que se elegeu com ele, em 1950, para o governo mineiro; Amaral Peixoto, interventor que viria ser eleito governador do Estado do Rio; Filinto Müller, do PSD, do PTB já com Jango muito jovem assumindo a posição de herdeiro político, no PSP de Adhemar de Barros, que se elegeu governador, em 1946, e deu o vice Café Filho, em 1950. A moeda de troca era o reconhecimento pelo passado e não barganhas para o futuro.

O livro ganha dimensão neste momento em que estamos numa campanha eleitoral em que o nível anda deixando a desejar, com acusações de todos os lados, muitas preconceituosas, mentirosas, criando um clima de divisão entre políticos e eleitores. Poucos defendem programas para o combate à crise econômica, preferindo futricaria contra adversários; quando não, promessas de visível viés demagógico.

A mãe de todas as reformas parece ser a da maneira de fazer política, de administrar o país. Precisamos do exemplo de Vargas, incluindo seus opositores - contundentes, mas homens de bem. Alguns se excederam, como Afonso Arinos Sobrinho, da UDN, que teve tempo, antes de morrer, de mostrar arrependimento por recorrer a violência verbal sem lastro na verdade nos debates que antecederam o final trágico do estadista.

O Brasil merece manter os bons e agregar novos valores nestas eleições!

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