Marina Sidrim Teixeira  - Divulgação
Marina Sidrim Teixeira Divulgação
Por O Dia

Rio - Sou a favor de programas de governo que apontem a maioria da população como prioridade para suas políticas públicas e suas metas. Como socióloga trabalho com indicadores sociais e festejo sua mudança positiva como resultado deste tipo de programa.

Orgulho-me de ser reconhecida como uma pessoa ponderada e que respeita a opinião das outras pessoas e de sempre ter trabalhado apenas a favor dos meus candidatos (não contra os outros) e de ter feito isso exclusivamente nos meus próprios espaços e com respeito.

Infelizmente, nesta campanha eleitoral, tive que quebrar um destes preceitos e falar muitas vezes contra um candidato. Como eu, milhares de pessoas, notadamente as mulheres. Isto ocorreu porque, desta vez, a questão vai muito além de ideologia: trata-se de manter a nossa humanidade, de manter conquistas de direitos que vieram depois de séculos, e de evitar que volte pelo voto o que levamos anos para expurgar com luta e sacrifício de muitos.

Não vou argumentar com tudo que já é mais do que sabido, mas chamar a atenção para o fato de que o referido candidato contra o qual trabalho, além de não ter sido propositivo nos seus longos anos de legislativo, sistematicamente votou contra a classe trabalhadora em geral, contra a inclusão de crianças com deficiência, contra as trabalhadoras domésticas e a favor de tudo que prejudica a maioria da população, inclusive a PEC do congelamento de gastos. Quem tiver interesse em verificar isso é só recorrer aos registros do legislativo.

Seu programa de governo, cujos pontos mais controvertidos acabaram aparecendo aqui e ali não somente nas falas do próprio candidato como também pela precipitação de um vice tresloucado e de um guru econômico falador, indica que pretende seguir a mesma linha de atuação: privatizações em massa, relativização da legislação que reprime o trabalho análogo ao escravo, aumento de impostos para os menos favorecidos (e redução para os mais favorecidos), discussão de cláusulas dos contratos de trabalho constantes da nossa Constituição que não foram removidas nem mesmo pela famigerada reforma trabalhista do governo Temer, e assim por diante.

Eu voto em qualquer projeto que não seja aquele armamentista, misógino, homofóbico e bélico. A favor desta postura já se manifestaram pessoas e instituições nacionais e estrangeiras igualmente dos mais diversos matizes políticos: o New York Times, The Economist, a BBC, Stephen Fry, Noam Chomsky, o Papa Francisco, a Conferência Nacional dos Bispos, um grupo amplo de pastores, para citar apenas alguns.

Desabafo feito, tenho a intenção apenas de pedir que reflitam e votem de acordo com o que suas reflexões e seus valores indicarem.

Marina Sidrim Teixeira é socióloga e diretora do Instituto Fatos de Consultoria e Pesquisa

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