Marcus Tavares - Divulgação
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Por Marcus Tavares Professor e jornalista

Rio - Crianças e jovens engajados e atentos ao mundo ao redor. É o que fica claro quando observamos as produções audiovisuais produzidas por eles. Entre 9 e 11 de outubro, tive a oportunidade de acompanhar o programa Vídeo Fórum, da Mostra Geração, do Festival do Rio. Há 19 anos o projeto exibe (em tela grande) e discute com os jovens autores seus filmes. O evento aconteceu no cinema Estação NET Botafogo e reuniu 37 produções e diferentes escolas do Rio.

Uma das narrativas é a produção 'Nós Somos', do Núcleo de Arte Grécia, na Vila da Penha. O filme conta a história de uma menina de 11 anos que assiste, indignada, a várias situações cotidianas de discriminação, preconceito e racismo. A ficção na verdade traz os ideais da então jovem vereadora Marielle Franco, brutalmente assassinada. A gente só fica sabendo isso no final do filme. Não há como não se emocionar pela delicadeza e lembrança.

Embora boa parte dos filmes trabalhe questões duras, como o racismo, a depressão, a homofobia e a misoginia, as obras trazem um olhar de esperança e de novos tempos, como o vídeo 'Diga não à violência contra pessoas', realização da Escola Municipal Senador João Lyra Tavares, em Lins de Vasconcelos. No Rio de Janeiro, dois alunos participam de um debate sobre violência contra as pessoas. Acabam adormecendo e sonham que são repórteres de telejornal, que denuncia o sofrimento das pessoas, vítimas da violência. Ao despertar do sonho, percebem que é possível mudar o mundo, se cada um tiver consciência e amor ao próximo.

Uma das professoras que acompanhou o projeto disse que todo o argumento e roteiro já estavam postos pelas crianças. Infelizmente, disse ela, a ficção do filme é a realidade de muitos alunos.

Assistir aos vídeos é uma experiência valiosa para perceber como crianças e jovens estão assimilando e sendo impactados pelo mundo. Destaco ainda o filme 'Piñata'. Um homem chega em casa depois de ir ao mercado. Quando vai abrir a porta de casa, se dá conta que esqueceu as chaves no carro. Vai à garagem e constata que a chave ficou dentro do veículo que está travado. Olha para as compras. Vê o abacaxi e não pensa duas vezes. Atira a fruta contra o vidro para abrir o carro. Para quem assiste, um simples curta de humor. Mas ao ouvir o jovem diretor Mateus Rameh Braga, a gente vê que essa juventude tem muito a dizer. O vídeo retrata uma juventude que não sabe esperar e mais do que isso: não procura ajuda, quer resolver tudo na hora .

Marcus Tavares é professor e jornalista

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