Continentino Porto, colunista do DIA - Divulgação
Continentino Porto, colunista do DIADivulgação
Por Continentino Porto Jornalista

Rio - Na guerra do Lava Jato, na prisão do ex-ministro José Dirceu, cunhou-se um processo que pode ser compreendido a partir de uma frase, "o benefício é a véspera da ingratidão", que eu ouvi do deputado Ulysses Guimarães, magoado, na residência do ministro Renato Archer, depois de uma rodada contínua de poire, uma aguardente de pera, de origem francesa (o parlamentar foi um dos maiores divulgadores da bebida no Brasil), enquanto ele se queixava dos amigos peemedebistas, que ele tinha tanto ajudado.

Mais ou menos o que vem acontecendo com José Dirceu, o ex-chefe da Casa Civil do presidente Lula. Os episódios estão aí à vista de todos. Assim vai o cordão, cada vez mais engrossando. Quem acompanhou a criação e fundação do PT e a composição do ministério do governo Lula diz que o então chefe da Casa Civil, sempre ocupou um lugar de destaque não só no Palácio do Planalto, mas também, no grupo da esquerda brasileira.

José Dirceu sempre comandou o PT, como líder, herói e guerreiro, que estabeleceu estudos e programas sobre como o governo Lula poderia ser genuinamente popular.

As mágoas, ou melhor, o desgosto, surgiram quando o STF o condenou a sete anos e 11 meses de prisão por corrupção no processo do Mensalão. Ficou um ano preso. Depois, passou a cumprir a pena em regime de prisão domiciliar, o que conseguiria até ser preso na fase da Operação Lava Jato batizada de Pixuleco.

Ele foi condenado pelo Tribunal Federal da 4ª Região, a 30 anos e nove meses de reclusão por corrupção passiva, organização criminal e lavagem de dinheiro.

Mais tarde, ele foi solto e está em sua residência em Brasília.

Na verdade, o poderoso José Dirceu esteve abandonado numa prisão no Paraná. Onde estão os seus amigos que ele tanto ajudou? Onde estão os bajuladores que tanto dependeram do "amigo Zé"?

Onde está o PT?

Onde está a dona Dilma?

Onde está o senador Lindberg Farias?

Na campanha, o candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, dizia que " José Dirceu não terá papel em eventual governo", ou seja, não voltaria.

Devemos exercitar o dever de discordar, até de condená-lo por ter recebido R$ 39 milhões como "consultor"; por ter recebido R$ 4,5 milhões do lobista Milton Pascowitch para bancar suas despesas pessoais, fruto de contrato fraudulento, segundo o lobista, ao fechar um acordo de delação premiada com o Ministério Publico. Mas não devemos abrir mão do direito da lealdade.

Em outras palavras, é preciso ser leal, sim. E para isso não é preciso exagerar. Basta dar às questões o conforto exato, o carinho e o amor.

Continentino Porto é jornalista

Você pode gostar
Comentários