Por O Dia

O clima de polarização na sociedade, iniciado em 2013, teve seu ápice nas eleições de 2018 quando foram vitoriosas candidaturas que encarnaram o sentimento de protesto “contra tudo que está aí”. Um tsunami eleitoral varreu lideranças históricas que representavam o establishment da política brasileira desde a Nova República.

No caso das eleições para governos estaduais tivemos a vitória de nomes absolutamente desconhecidos, eleitos quase exclusivamente pela rejeição de seus concorrentes. Esses resultados trouxeram consigo uma agenda liberal na economia e uma agenda conservadora no terreno dos costumes, cuja hegemonia está em franco crescimento.

Em 2020 teremos eleições municipais e precisamos nos perguntar: qual o clima marcará a disputa e como se comportarão as forças políticas? Não se trata de futurologia, mas minha aposta é que a polarização supracitada ficará restrita à militância articulada em torno dos dois extremos políticos presentes no país. A maioria da população tende a resfriar o ambiente político, como que a dizer “fizemos a escolha pela mudança, agora vamos dar um tempo pra ver o que acontece”.

É natural que os dois extremos busquem reeditar a polarização, até porque se retroalimentam. De outro lado, os setores que não se identificam com o extremismo precisarão aprender com a derrota esmagadora de 2018 para tentarem ressurgir das cinzas. E tudo isso, temperado pela continuidade do sentimento antipetista e, no caso do RJ, antiemedebista. Nesse cenário, o papel de lideranças políticas com presença e/ou influência no cenário político fluminense ganha relevância, particularmente na Capital e municípios da Região Metropolitana.

O desempenho das administrações Bolsonaro e Witzel será determinante para definição de candidaturas. Se estiverem bem avaliadas pela população, serão fiadoras de candidaturas com chances de vitória no campo conservador. Caso contrário, a autointitulada esquerda verá crescer suas chances eleitorais, concentrando esforços para viabilizar alianças em torno de candidaturas únicas competitivas.

Por fim, é possível que haja espaço para candidaturas não extremistas, mas será necessário buscar e encontrar nomes que sejam identificados pela sociedade como uma renovação claramente desvinculada da chamada “velha política”.

Façam suas apostas!

Orlando Thomé Cordeiro é consultor em estratégia

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