Rio - Sempre fiquei desolado com o mexe-mexe nos currículos escolares. E isso desde que conclui o meu ensino médio no colégio-padrão do Brasil, o Colégio Pedro II (era a unidade do internato, no Campo de São Cristóvão). Aliás, também apreensivo e indignado – esta a exata graduação de sentimentos – com o ensino fundamental (no meu tempo, chamava-se primário), e com o universitário. Ao longo destas últimas cinco décadas, acompanhei as trêfegas e cada vez piores mudanças com que cada ministro da educação imaginava salvar o ensino, o país. E, quase sempre, ele mesmo.
A inacreditável sucessão de ministros meteóricos, especialmente nesta última década, potencializou os erros e aumentou em muito a desagregação daquilo que já aparentava ser um espelho partido em dezenas de caquinhos, ao menos na minha aflita e hiperbólica concepção de observador.
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Dentre as três sequências de educação, embora os ensinos fundamental e universitário também estejam em frangalhos, o médio está há um tempão (quase imemorial) no CTI.
Leio, entre ávido e quase ofegante, algumas medidas provisórias ainda nebulosas, que o governo precisa apresentar em socorro ao mais moribundo de todos os três.
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De pronto, fiquei esperançoso com algumas das propostas. Mas, apreensivo com tantas outras medidas, algumas polêmicas e altamente combustíveis.
No frigir dos ovos, uma proposta sem qualquer questionamento , merecedora de aplausos gerais, é a que propõe horário mínimo de seis horas na rede pública. Será que entendi isso mesmo? Ora viva, não é senão o desejadíssimo horário quase integral. Ou seja, salve Darcy Ribeiro, que nos 80 ousou, esperneou, mas impôs os brizolões. Que foram (oh! mau sina) abandonados logo depois, pelos que lhe substituíram no governo do estado. Mas na cabeça de todos nós ficaria o tempo integral como uma acertada e urgente solução. E até um grito de alerta para todo o país, uma quase certeira tentativa de salvação nacional. Exagero eu com tamanha incandescência desta última frase? O tamanho dos desacertos em que o ensino médio patina vergonhosamente responde por si só. Voltarei ao tema, que considero a reforma mais essencial que as demais, também urgentes, como a econômica, a política, a previdenciária. E até, essa também essencialíssima, a de fechar os cofres públicos para os ladrões de todos os matizes.
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Quando compreendermos que não há país decente sem esforços totais, eu digo totais, para salvar a educação, o Brasil não cumprirá seu destino. Um destino ainda não alcançado pela pior das infelicitações, a falta de preparo e de pesados investimentos para uma pragmática formação de nossas crianças e adolescentes, vítimas de governos insensatos e criminosos por décadas a fio. Eis a razão de o Brasil não decolar.
Ricardo Cravo Albin é jornalista e escritor
