Luiza Elena R do Valle - Divulgação
Luiza Elena R do ValleDivulgação
Por O Dia
Rio - Se existe alguma coisa que sempre emociona é ver uma figura feminina com um filho nos braços. A fragilidade da criança que se aninha no colo que o contém é uma escultura de arte em movimento. É preciso um esforço para segurar o olhar prolongado que escorrega da vista porque, de alguma forma, um bebê nos braços da mãe tem um sentido para todas as pessoas, como um espontâneo retorno a alguém que já fomos ou tivemos.
Os tempos passam, mas cada vida é um milagre único e ser mãe é saber disso. Em meio às vitórias que a mulher alcança em sua trajetória, ainda predomina o peso de um sistema patriarcal que destinava a mulher os cuidados com o lar e com a família, enquanto o homem podia voar sem culpa, para seu papel de provedor.
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Culpa, palavra que se extrai da psicanálise freudiana, numa época em que se descobre que existe um inconsciente, uma parte de você que tem angústias que você não entende, que tem cobranças que não se desfazem diante de suas explicações racionais sobre seus atos, nem cedem aos desejos que se silenciam reprimidos.
No mundo que se abre diante da mulher, ela precisa descobrir-se forte. A mulher venceu, antes de tudo, os limites que lhes eram impostos. Ela sabe que pode sonhar, que merece conhecer, decidir, realizar, desafiar. Libertou-se de estereótipos como de que “ser mãe é padecer no paraíso”, como um designo intransponível. Hoje, a mulher se deixa ser mãe, esposa, ter um papel profissional, ter amigos e, ainda, cuidar de seu corpo, fazer planos e se dispor a conquistar novos espaços, a amar e ser amada.
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Hoje, existe a facilidade de arrumar uma refeição ao toque dos dedos no celular. Os recursos disponíveis facilitam, mas parecem trazer mais conflitos para uma mãe, porque opções levam a ter que fazer escolhas. As famílias são menores, mas os medos não. São sentimentos que se misturam frente à diversidade de papéis que lhe são cobrados. É possível ser perfeita em tudo e viver muitas vidas num só momento? Ser mãe e ter uma carreira implica em ter força, dedicação, empenho para enfrentar os desafios da dupla jornada.
A experiência de ser mãe pode ser exaustiva, mas é instigante e desafiadora. É se equilibrar em riscos a todo momento! A tecnologia é presença constante, mas não substitui a interação entre pessoas. Vem daí a ideia da "mãe suficientemente boa" (Winnicott), aquela cuja percepção das necessidades do bebê a leva a responder adequadamente aos diferentes estágios do desenvolvimento dele.
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A sociedade é marcada por diferentes tempos históricos, mas aquele braço que abraça, aquela mão que afaga e aqueles olhos que enxergam a alma, permanecem ao longo da jornada, enquanto aquele bebê cresce e se torna alguém independente, mas sempre preso a um relacionamento mágico e lindo! 
Luiza Elena R do Valle é mãe psicóloga.