Gil Karlos Ferri
Pesquisador em Vitivinicultura e História Ambiental Global (UFSC)
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Gil Karlos Ferri Pesquisador em Vitivinicultura e História Ambiental Global (UFSC) Picasa
Por O Dia
Rio - Embora a vitivinicultura apareça como tema recorrente em diversas áreas do conhecimento de países europeus, no Brasil as pesquisas ainda são incipientes. Nas últimas décadas, o crescimento da produção e consumo de uvas e vinhos vêm conferindo especial importância ao setor vitivinícola. Notando o dinamismo deste setor e suas implicações socioambientais, precisamos compreender os processos históricos da interação entre sociedades, espaços geográficos e espécies viníferas, sob a perspectiva da História Ambiental Global.

No século XX, o vinho tornou-se uma commodity de estratégica relevância econômica e social. Este interesse é justificado por sua milenar importância simbólica e cultural, bem como, notadamente, seu alto valor agregado. Para muitas culturas, o vinho é considerado um alimento. Além disso, pesquisas têm demonstrado aspectos positivos do consumo moderado do vinho para a saúde, relacionando a bebida com a prevenção de doenças, a longevidade e uma melhor qualidade de vida.

No Brasil, a produção de uva e vinho tornou-se um negócio expressivo com a imigração italiana, pesquisas tecnocientíficas e incentivos governamentais. A produção vitícola teve impulso com a importação de variedades europeias, americanas e híbridas introduzidas nas áreas de colonização italiana do país, como a Serra Gaúcha e o Sul de Santa Catarina. Em consequência do crescimento do mercado consumidor, a partir da década de 1970 verifica-se uma modernização da vitivinicultura brasileira. Entre as principais regiões produtoras, destacam-se a Serra e a Campanha Gaúcha, o Planalto de Santa Catarina, o Vale do Rio São Francisco, o Norte do Paraná, o Noroeste de São Paulo e o Norte de Minas Gerais.

Tratando-se de terroirs recentíssimos no mundo do vinho, o Brasil precisa (re)conhecer seu passado de ocupação e usos da terra, para compreender a importância atual e futura de seus recursos naturais e vislumbrar a sustentabilidade nestes espaços através, quiçá, do enoturismo.  
Gil Karlos Ferri é pesquisador em Vitivinicultura e História Ambiental Global (UFSC)