
Embora poucos saibam, a Ilha do Governador não é um bairro do Rio de Janeiro, mas uma região administrativa da zona norte do estado. Composta por diversos bairros, todos carecem de serviços básicos, como uma central do Rio Poupa Tempo e da Casa do Trabalhador, e até mesmo de uma maternidade que abrigue suas gestantes com segurança, não obrigando famílias a terem que se deslocar para outras regiões em busca de acolhimento.
Não bastassem os constantes assaltos nos “frescões”, na altura da Maré, os horários de saída dos ônibus são irregulares e o serviço oferecido pelas Barcas é de péssima qualidade, prejudicando o direito de ir e vir de seus moradores. Inaceitável que, em pleno século 21, as barcas sejam do século passado e a Ilha não tenha cobertura de um moderno sistema de catamarãs. Segundo dados recentes, a Ilha reúne mais de 300 mil habitantes, um número bem superior a muitas regiões fluminenses que já foram emancipadas no intuito de garantir os investimentos necessários para atender sua população com dignidade.
A violência que nos assombra diariamente é agravada pela escassez de poda das árvores, um serviço raro na Ilha. Assim, quando os vendavais típicos dos últimos tempos afetam os serviços de luz e telefone, muitos bairros tornam-se zonas de perigo. Às escuras, as ruas são o cenário perfeito para os criminosos, vitimando moradores.
Durante o dia, o maior perigo são as calçadas, que não passam por um processo de conservação. Quem mora no entorno do Iate Clube Jardim Guanabara já não se assusta mais com os constantes acidentes, principalmente, entre os idosos. Na Praia da Bica, o péssimo estado das calçadas, completamente esburacadas, aumenta o risco de lesões em quem faz caminhadas ou corridas. Situação de abandono igual no corredor esportivo, que não oferece nenhum tipo de segurança. Quem pratica exercícios no lugar está sujeito a cair no mar por falta de um guarda corpo. Uma tragédia iminente minimizada pela falta de investimento em infraestrutura.
Como legislador, entendo que a Ilha do Governador precisa, urgentemente, ver tudo o que arrecada ser reinvestido em benefício de seus bairros e de sua população. Não dá mais para deixar a região abandonada à própria sorte. São muitos os problemas e as soluções somente virão em definitivo se levantarmos um debate sério sobre a necessidade de emancipação.
Renato Zaca é deputado estadual pelo PSL-RJ