Jorge Felippe Neto - Divulgação
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Por O Dia
Rio - A má qualidade de serviços prestados pelas empresas do setor elétrico no Rio de Janeiro nunca foi novidade para cariocas e fluminenses. Eu nem era nascido quando, em 1954, Vitor Simon e Fernando Martins compuseram a marchinha de Carnaval “Vagalume”, com os inesquecíveis versos (“Rio de Janeiro, cidade que nos seduz. De dia falta água, de noite falta luz”) que denunciavam o problema, mostrando para o país inteiro algumas das mazelas do Rio de Janeiro.

Passados 65 anos, no entanto, o que um dia foi motivo de piada hoje parece filme de terror. Que não tem graça nenhuma. Diante disso, solicitei esta semana em Brasília, a revogação das concessões da Enel e da Light, em virtude não apenas do mau serviço prestado aos cidadãos e cidadãs fluminenses, mas ao total descaso com o contribuinte do nosso estado.

A péssima qualidade do serviço não é novidade para quem vive no Rio de Janeiro. Mas algumas informações que não chegam ao grande público são, e precisam ser noticiadas. Vocês sabiam, por exemplo, que nós, cidadão, pagamos anualmente R$ 1,3 bilhão pelos furtos de energia e de equipamentos das empresas?

Este prejuízo é colocado, pela Light e Enel, na conta da violência urbana e da população mais carente, o que não encontra acolhida na realidade, visto que 52% dos furtos ocorrem em áreas de classe A, B e C, não das classes D e E. Há outro dado importante que não podemos perder de vista – ainda que falte luz. E não, não é uma piada. O custo para a implantação da fiação subterrânea no Rio de Janeiro é de R$ 3 bilhões. Fizeram a conta? Não muito distante do valor do prejuízo anual com os furtos, não é mesmo?

Pois é. E a fiação subterrânea não só reduziria drasticamente este prejuízo como acabaria com outros tormentos comuns aos nossos contribuintes provocados pelo maus serviços prestados. Afinal, postes de energia caindo por falta de manutenção, transformadores explodindo, chuvas e ventos deixando bairros inteiros sem iluminação já fazem parte do dia a dia de cariocas e fluminenses. Mas é hora de dar um basta.

Anualmente, nada menos que 100 mil processos congestionam os tribunais do Estado devido ao descaso das concessionárias com os cidadãos, que vão desde as cobranças indevidas aos prejuízos materiais. Além disso, 10% da força de trabalho da Decon (Delegacia do Consumidor) e do Procon (Proteção e Defesa do Consumidor) são destinados justamente aos transtornos provocados pelas companhias de energia elétrica. E até agora nada foi apresentado pelas empresas para justificar tanto descaso, nem mesmo alguma medida que possa vir a resolver ou pelo menos mitigar o problema. E mais que isso: auferindo um lucro de R$ 150 milhões por ano.

Se cariocas e fluminenses achavam que estavam sendo lesados, aí estão elementos suficientes para terem certeza.

Jorge Felippe Neto é deputado estadual e integrante da CPI da Light/Enel