Reimont Otoni - Divulgação
Reimont OtoniDivulgação
Por O Dia
Rio - A cidade do Rio de Janeiro, famosa mundialmente pela sua topografia de excepcional beleza, entre montanhas, paredões rochosos, morros e conjuntos de serras entre o mar e florestas tem mais de 20 viadutos, que precisam de reparo e a maioria necessita de recuperação estrutural, segundo levantamento da prefeitura. Na mesma situação, encontram-se passarelas e pontes. Como bem traduz a cantora e compositora Fernanda Abreu, o que é, a delícia e a tragédia de se viver no Rio, no verso de: “Rio 40 Graus”, “purgatório da beleza. E do caos”. Afinal a capital fluminense é cortada por uma grande quantidade de túneis rodoviários, dentre eles os mais extensos do mundo, do gênero em área urbana, que interligam as diversas partes da Zona Sul, Norte e Oeste.
O sistema viário possui um total de 22.990 km de túneis, ou seja, 1 km para cada 275.034 habitantes, no município. Na região metropolitana, temos 24,070 km de túneis, ou seja, a proporção cai para 1 km para cada 486.548 habitantes. Portanto, o desabamento parcial do Túnel Acústico Rafael Mascarenhas, em maio último, ocorrido durante uma forte tempestade, trouxe o alerta sobre a grave precariedade dos serviços municipais de fiscalização, conservação e manutenção dos equipamentos públicos. O episódio ultrapassa a questão climática, como das chuvas, uma vez que poderia ter ocorrido em qualquer outro momento, segundo as informações disponíveis. Diante destes fatos, a pergunta que não quer calar: como se encontram os cerca de mil viadutos e pontes da capital?

A reação da prefeitura foi anunciar a reforma dos cinco grandes túneis da cidade: Rebouças, Santa Bárbara, Noel Rosa, Zuzu Angel e Rafael Mascarenhas. Mas a autorização para licitar obras no valor de R$ 325 milhões foi publicada em 2018, e desde então, o valor foi reduzido para menos da metade e o processo foi paralisado. E embora não esteja na lista de obras, o Elevado Paulo de Frontin, (onde, não podemos esquecer, que em 1971, um trecho de 50 metros desabou, matando 20 pessoas e ferindo 18), merecia atenção, pois são visíveis os problemas na estrutura.

Os cariocas estão em risco e a manutenção é a única forma de se evitar acidentes. Sou morador da Zona Norte, e passo pelo viaduto Paulo de Frontin - não tenho parâmetros técnicos para ver, mas como leigo e como leiga é a maioria da população, não é preciso ser especialista para ver - a queda de reboco e a vegetação nascendo nele. Convido o leitor para fazer um city tour do terror, e passar pelo Viaduto de São Cristóvão – onde verá que o asfalto é irregular, e arbustos brotam do cimento. Em seguida, poderá atravessar o viaduto da Mangueira, onde o mato cresce nas pistas. Ou se preferir dar uma passada pelo Túnel Saint Hilaire, na Lagoa, que dá acesso ao Túnel Rebouças, por onde passam cerca de 150 mil veículos por dia, e embora essencial à trama urbana, verá que tem uma trinca que atravessa o asfalto e abre um espaço de cinco centímetros na barreira de concreto lateral da pista, no sentido Zona Sul. No Saint Hilaire, a rachadura não é nova: pode ser vista em imagens do Google Street View de 2018. E o leitor poderá ver com os próprios olhos, que no Túnel Zuzu Angel, um dos quem mais recebe movimento, tem uma árvore, que cobre parte da entrada e das placas de sinalização. E também poderá constatar o perigo passando pelas passarelas da Rua Arquias Cordeiro, em frente ao Hospital Municipal Salgado Filho, e as duas da Avenida Menezes Cortes, no Engenho Novo.

É urgente a investigação de responsabilidades sendo dever da Câmara Municipal, fiscalizar e dar publicidade a esse e outros fatos correlatos. Diante disso, solicitei uma vistoria acompanhado de peritos e técnicos nos túneis, viadutos e passarelas citados, com necessidades mais urgentes. Temos que cobrar da prefeitura do Rio, afinal são preocupantes as informações sobre o esvaziamento tanto orçamentário como de quadro pessoal e material dos órgãos responsáveis por vistorias e análises, que nos alertam para o risco imposto a milhões de moradores e turistas do mundo inteiro.
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Reimont Otoni é vereador e autor da CPI, que apura as causas que ocasionaram o desabamento de uma estrutura do túnel Rafael Mascarenhas, na Gávea, e averigua as condições de conservação dos equipamentos públicos da cidade, tais como viadutos, elevados, túneis e passarelas