
Em determinado momento, depois de tratarem acerca das dificuldades do filho, os pais disseram que ele não estudava e não lia nada em casa, e não havia como mudar isso. O menino não fazia nem os deveres que a professora passava, portanto, estabelecer estratégias seria uma perda de tempo.
Mas as coisas não pararam por aí: além dessas alegações, os progenitores disseram que não suportavam pagar a mensalidade escolar e uma professora particular para ele não aprender nada. “Ficar gastando dinheiro e nada acontecer, não dá!”, disseram. “A professora é a responsável por esse estado de coisas, pois nosso filho está aqui há três anos e toda reunião é a mesma coisa”, completaram.
Foi quando meu amigo tomou a palavra e disse: “O filho de vocês não tem rotina de estudos, não faz os deveres e não lê nada em casa, vocês assumem que não conseguem mudar essa situação, porém, afirmam que a professora é a responsável pelas dificuldades. É isso mesmo?”. Perguntou sem acreditar no que ouvia.
Poucos, na sociedade contemporânea, têm claro entendimento da magnitude do trabalho do professor.
Qualquer profissional em situação semelhante poderia se recursar, com toda justiça, a dar continuidade a seus serviços profissionais. Porém, na educação não é bem assim, nem por isso, o magistério é mais estimado.
O que fazemos diante de situações como essa? Continuamos trabalhando, continuamos investindo na formação humana dos nossos alunos, continuamos acreditando que é possível ensinar a ética e a virtude enquanto se ensina matemática, português ou qualquer outra disciplina.
Algumas famílias, apesar de terceirizarem suas demandas, tendem a não reconhecer a relevância da escola. Esquecem, ainda, que valorizando o professor, prestigiam também a educação que desejam dar a seus filhos. É na família que crianças e adolescentes aprendem a dar valor à educação, inspirados na consideração que seus pais têm pelos mestres da escola.