Fonte de água para 400 mil pessoas e lar de inúmeras espécies da Mata Atlântica, Tinguá apesar de, em tese, ser um santuário protegido, onde apenas cientistas podem entrar, é alvo constante de caçadores e madeireiros; há despejo de lixo no seu entorno e áreas invadidas por barracos. As carnes de caça como paca e tatu vendidas em açougues improvisados no seu entorno é um sinal claro de que a falta de consciência ambiental convive perigosamente com a extrema pobreza daquela região.
Por tudo isso, a prefeitura de Nova Iguaçu - onde está localizada 55% da reserva - me procurou recentemente para levar ao Governo Federal o pleito de transformar 5% da área total da Rebio do Tinguá em um Parque Nacional. O modelo, adotado em vários lugares do mundo e no próprio Estado do Rio de Janeiro, como os parques nacionais de Itatiaia, da Serra dos Órgãos e a Floresta da Tijuca, prevê a visitação pública e controlada ao parque, mediante cobrança de ingresso. Com a renda obtida, e também com os recursos que seriam gerados com a movimentação do turismo, seria possível investir na vigilância da reserva e na manutenção do parque. Sem falar na geração de empregos para a população local.
Algumas ONGs apoiam a ideia, assim como cabeças da comunidade acadêmica e científica. Mas não há unanimidade e é claro que essa não é uma questão simples, ainda mais em um momento delicado pelo qual passa a questão ambiental no Brasil.
Por isso, a ideia é promover um amplo debate, que começa com duas audiências públicas. A primeira, ao ar livre, aconteceu ontem, domingo, na Praça de Tinguá, em Nova Iguaçu, bairro localizado aos pés da reserva, lar de uma comunidade que conhece como ninguém a realidade local. A próxima será no dia 4 de setembro, na Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados, em Brasília. Mas, com certeza, haverá muitas outras oportunidades de se debater o assunto até porque a reserva do Tinguá tem o restante de sua área localizada na cidades de Duque de Caxias (37%), Petrópolis (5%) e Miguel Pereira (3%).
Vamos nos aprofundar no assunto, ouvir à exaustão todas as opiniões para que a melhor solução seja encaminhada. Todos, no fundo, têm o mesmo objetivo: que a floresta seja verdadeiramente protegida, pois dela depende a vida humana.