Catia Mourão - Arquivo Pessoal
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Por O Dia
Rio - Com distribuição deficiente, editoras apostam na Bienal para escoar seus estoques e recuperar parte dos prejuízos acumulados na persistente crise que vem abalando o mercado.

Desde o final de 2018, com o anúncio da recuperação judicial das duas maiores redes livreiras do país, editoras de todos os portes passaram a enfrentar dificuldades para distribuir suas publicações e fazer com que os livros cheguem às mãos dos leitores. De lá pra cá, o mercado vem se reinventando e buscando alternativas para alcançar o público leitor, e nada melhor do que um grande evento para aquecer o setor.

A Bienal do Livro Rio, que acontece entre os dias 30 de agosto a 08 de setembro, é um festival de conhecimento e conteúdos exclusivos, onde o livro é o grande protagonista. Além do consumo imediato, a feira tem como objetivo estimular o hábito da leitura para, quem sabe, um dia, transformar o país.

O público esperado é de mais de 600 mil pessoas, que terão oportunidade de conviver durante os 10 dias de evento com mais de 300 autores nacionais e estrangeiros. É aquele momento tão aguardado pelos fãs e consumidores de literatura (sim! Eles ainda existem no Brasil. Aquelas pessoas estranhas que vivem agarradas a livros), para assistir palestras e pegar autógrafos. E para atender a demanda desse gigantesco público, os organizadores da ‘festa’ garantem que esse ano haverá 5,5 milhões de exemplares (número equivalente à população da Finlândia) disponíveis nos estandes das editoras que lotarão os pavilhões do Riocentro, no Rio de Janeiro. Não é à toa que a Bienal é um dos quatro maiores eventos da cidade, ao lado do Réveillon, do Carnaval e do Rock in Rio, dispondo de investimentos que ultrapassam R$ 44 milhões.

Em sua XIX edição, a Bienal do Rio ainda inova com tradução simultânea em libras durante as sessões, mostrando que também se preocupa com a acessibilidade, e uma programação diversa para todos os públicos. O espaço infantil, por exemplo, receberá crianças com deficiência visual para uma experiência sensorial de estímulo à leitura, com visitas guiadas.

Além disso, outras ações de incentivo à tão sonhada formação de novos leitores foram implantadas durante o período que antecedeu a feira, numa iniciativa social que promoveu visitas de autores a escolas públicas e doações de 1.000 livros nas plataformas do Metrô e no HemoRio, extrapolando o espaço que abriga o evento, que acontece a cada dois anos.

Os organizadores prometem que a programação de 2019 será a mais diversa de todos os tempos, com conteúdos múltiplos para jovens e adultos, e debates sobre temas como democracia, feminismo, fake News, meio ambiente, história e diversidade, além da atenção especial aos educadores e crianças.

Enfim, é esperar para ver os frutos que serão gerados por essas iniciativas. E eu, claro, estarei lá para conferir tudo de perto.

Catia Mourão é escritora e editora da Ler Editorial