O presidente da Alerj, André Ceciliano, ajudará Cláudio Castro a fugir da crise - Divulgação
O presidente da Alerj, André Ceciliano, ajudará Cláudio Castro a fugir da criseDivulgação
Por O Dia
Rio - Neguinho da Beija Flor soube traduzir como ninguém o espírito carioca em “Domingo”, até hoje cantada a plenos pulmões pelas torcidas no mais famoso estádio do mundo: “Domingo, eu vou ao Maracanã, vou torcer pro time que sou fã...”. Seu colega Bebeto, anos antes, compôs outra obra prima da cultura brasileira: “Praia e sol. Maracanã, futebol, domingo!”

E já se vão quase 15 anos que esse programa, tão a cara do Rio, passou a ser inacessível financeiramente para a população mais humilde do nosso estado. A antiga “geral”, em que se pagava muito pouco por 90 minutos de diversão garantida, foi extinta para obras em abril de 2005 e nunca mais voltou. Não havia onde sentar, mas era o coração pulsante do Maraca. Um pedaço da alegria do Rio se foi com a reforma, e os preços dos ingressos empurraram uma grande parcela de torcedores apaixonados para a frente da TV.

Quem não se lembra dos míticos geraldinos, as figuras que, como num Carnaval fora de época, vestiam fantasias e extravasam sua paixão, desafogavam a tensão da semana de trabalho duro naqueles domingos de clássico? Só quem um dia foi “geraldino” sabe o que era assistir a um jogo da beira do gramado. Afinal, quem se importa em ver uma partida de pé, quando se tem pouco dinheiro e o que está em jogo é o nosso time de coração?!

Nesses tempos de alegrias escassas, no entanto, surge um alento: a “geral” vai voltar! Projeto de minha autoria e da deputada Zeidan (PT) recém-aprovado na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro autoriza que sejam feitas obras na parte baixa do estádio, onde ficam as cadeiras. Antes mesmo da aprovação do projeto, debatemos em audiências públicas a ideia, avaliamos os custos e de que forma a obra poderá ser financiada. Com pequenas mudanças será viável trazer de volta a alegria de setores populares, com a criação de até 10 mil lugares. Espaços semelhantes já existem nos estádios do Rio Grande do Sul, nas modernas arenas do Grêmio e do Internacional.

Ter de volta nas gerais o “Batman”, o “Homem-Aranha”, e outros torcedores que, de uma forma ou de outra, atraiam olhares e câmeras, fazendo um espetáculo à parte, é a certeza de que estaremos devolvendo para o povo o que nunca deveria ter sido retirado dele. Um espaço que faz do torcedor um participante ativo, num cenário de inclusão social. Esse é o projeto de Rio que queremos.

Essa é uma forma de redemocratizar o acesso do povo mais humilde à essa festa. Permitir que torcedores de todas as classes sociais frequentem o Maracanã, torçam pelo seu time e chorem abraçados na mesma bandeira. Isso faz parte do nosso espírito e fará um bem enorme à alma de todos os brasileiros. Quem já viu o milésimo gol do Pelé e outros tantos do Zico merece ver os dos atuais e futuros artilheiros.
André Ceciliano é deputado estadual pelo PT-RJ e presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro