Rosa Bernhoeft - Divulgação
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Por Rosa Bernhoeft*
Pessoas que há um tempo eram mal vistas por trocarem de empresa toda hora e agora são consideradas boas de adaptação e desafios. O entendimento do tema pede um alinhamento com o significado sobre o que entendemos do indivíduo nômade: são pessoas que ficam de dois a quatro anos trabalhando em uma empresa; tem muita mobilidade; buscam desafios o tempo todo; apreciam a inovação e a criatividade e, os contextos onde possam fazer entregas diferenciadas e desafiadoras. Definem o que querem conseguir, sendo pragmáticos na busca de seus resultados.

Pressupõe indivíduos com alta consciência sobre o que querem da vida e da sua carreira. Têm domínio sobre suas competências e por isso podem viver um fenômeno que denominamos “Fenômeno da Portabilidade das Competências”. São indivíduos que passam pelo o processo de autoconhecimento e de autodesenvolvimento, sem esperar que a organização identifique ou fale do seu plano de carreira, porque estão sempre na busca, quase que instintiva, de oportunidades. Com isso, buscam desenvolver a sua imagem e cuidam dela como se fosse a sua marca. Querem crescer e buscam seus caminhos, estando sempre prontos para os novos desafios e novas demandas de inovação.

No trabalho mostram natural disposição para atuar de forma colaborativa e utilizam-se dos talentos das pessoas que estão ao seu redor. Tem pouco apego ao poder, mas são fortes no exercício da sua autoridade, quando esta se vincula ao exercício de suas competências e o compromisso com o resultado contratado. Têm consciência de seu valor, são confiantes, otimistas e tem mentalidade para as oportunidades como amplitude de olhar o mundo e fazer conexões, redes e vínculos. Detestam foco reduzido, falta de informação, falta de lealdade.

O que esperam dos seus líderes? Os nômades esperam ver coerência, e esperam que seus líderes cumpram o compromisso e que promovam um contexto de trabalho desafiador, valorizando o respeito e a colaboração. As empresas devem criar condições favoráveis para integrar estas características em sua cultura já que eles não operam em um ambiente de comando e de controle burocrático, foco reduzido na função, baixa delegação e que reflita em baixa confiança no profissional. Seu perfil pode ser visto como o de uma pessoa oportunista ou de alguém que pensa somente no seu próprio sucesso e encarreiramento, caso ele deixe de dar importância aos relacionamentos e deixe de compreender as necessidades das pessoas e da instituição.

O maior desafio desse profissional é ter o entendimento da cultura de onde irá se inserir, estabelecer vínculos de confiança e se dispor a ir além da entrega de resultados para deixar um legado por onde passar. O que definirá a passagem desse nômade pela organização é o quanto ele aprendeu ou conseguiu imprimir seus atributos e o seu modelo de atuação na cultura da empresa, promovendo uma aprendizagem capaz de criar atratividade para os próximos e futuros nômades que ainda estão no mercado.
*Rosa Bernhoeft é coach de altos executivos