Wallace de Souza Vieira - Divulgação
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Por Wallace de Souza Vieira*
A transição para a aposentadoria continua sendo um dos momentos mais difíceis para o trabalhador, independentemente de sua posição profissional e social. Alguns casos chegam a ser traumáticos, sobretudo, quando se dá conta que o status, o poder e o prestígio desaparecem; a identidade dada pela empresa se perde na rutura; as inovações da internet e celulares contribuem para a dependência profissional.

Ao reverso, para outros, a palavra “aposentado” significa missão cumprida; encerrou voluntariamente a rotina de trabalho diário e não tem intenção ou necessidade de reocupação profissional. No entanto, há aqueles que se veem na condição de “desempregado”, situação que carrega o estigma e o sentido implícito de fracasso.

De resto, para aqueles que ainda não se aposentaram, fica o alerta: não importa o quanto é importante investir na aposentadoria, as pessoas também precisam ter uma ideia clara do que vão fazer quando não estiverem mais trabalhando. Ter uma visão do futuro e um planejamento dessa visão é tão importante quanto o destino para se alcançar uma aposentadoria satisfatória e, se for o caso, uma pós-carreira produtiva e prazerosa.

Nem sempre parar de trabalhar é uma opção para quem se aposenta cedo e, ao ver do IPEA (Coordenadoria de Gênero, Raça e Gerações), um dos principais incentivos à inatividade precoce é a dificuldade de profissionais mais velhos acharem emprego. Fatores como dificuldade de acompanhar evoluções tecnológicas ou limitações de saúde acabam impulsionando muita gente para fora do mercado depois dos 50 anos.

Como o governo quer fazer o brasileiro trabalhar por muito mais tempo, é preciso criar soluções no mercado de trabalho para incluir esse novo perfil de mão de obra: em 2030, 50% da força de trabalho terá mais de 45 anos; empregar mão de obra mais madura não será opção, mas necessidade. Nem mesmo o plano do Ministério da Economia, de flexibilizar direitos trabalhistas de jovens para incentivar a economia, fará com que as organizações prescindam de profissionais mais velhos.

Melhorar as condições de trabalho para que os jovens de hoje envelheçam de forma mais saudável é um dos desafios. As aposentadorias por invalidez têm crescido, num indicativo de más condições de trabalho; e investir na mobilidade urbana para atender às limitações dos idosos, chama a atenção a Coordenadoria em apreço.

A consultoria Hyp60+, especializada em economia da longevidade, observa que aposentados mais escolarizados e saudáveis costumam migrar para atividades autônomas, como consultoria, com horário mais flexível. Além da experiência, eles têm geralmente uma rede de contatos.

Por fim, na voz da Coordenadoria de Gênero, Raça e Gerações do Ipea, é importante estabelecer idade mínima para se aposentar, mas não basta uma canetada. Mexeu na Previdência, tem que pensar em formas de melhorar a empregabilidade do profissional mais velho. É preciso capacitá-lo, criar mecanismos de incentivo a essa contratação.

*Wallace de Souza Vieira é presidente do Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro (CRA-RJ)