Eugênio Cunha - Divulgação
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Por Eugênio Cunha*
“O que esperar da escola do meu filho?”, perguntou a mãe. O questionamento me fez refletir sobre a escola e os impactos das mudanças da sociedade contemporânea na educação. Nesse início de ano letivo, comumente as instituições de ensino traçam seus planejamentos. 2020 é o ano da Base Nacional Comum Curricular - BNCC - documento de caráter normativo contendo o conjunto de aprendizagens essenciais para todos os alunos, em todas as etapas e modalidades da Educação Básica.

É preciso, então, repensar a forma de ensinar, em razão das mudanças na maneira de aprender. Atentar para a formação dos professores, pressupondo o desenvolvimento das competências previstas na BNCC, com apoio dos estudos no campo da neurociência e pelos novos modelos de ensino e aprendizagem impulsionados pelo uso das tecnologias digitais.

A maior participação dos alunos nos processos de aquisição do conhecimento revigorou as ideias de uma escola ativa, preconizada no início do século passado por Maria Montessori, Célestin Freinet, Anísio Teixeira, dentre outros. Uma escola com novos contornos decorrentes das metodologias ativas e com estratégias pedagógicas promovendo a ação dos educandos, que aprendem pela interação e cooperação.

O processo de ensino ocorre mediante a trocas de saberes gerados no espaço de aprendizagem. Aprende-se fazendo em colaboração. A expressão “Learning by doing” ou “Aprender fazendo” sugere o envolvimento comportamental e psicológico do aluno. Uma forma de ensinar que não busca apenas boas respostas, mas a construção de boas indagações. Valoriza-se o talento.

Se a BNCC visa garantir os direitos de aprendizagem, é preciso mudar a dinâmica de ensino. Só dessa forma o foco passa para as competências a serem desenvolvidas. A aprendizagem ativa permite que se estabeleça uma ação colaborativa. Pode-se trocar ideias e trabalhar o conteúdo de diversas formas e em diversos meios, privilegiando as habilidades individuais.

A nova geração aprende diante da possibilidade de criação e do estabelecimento da identidade e da autonomia. Não se trata apenas de memorização, mas da participação na construção do conhecimento, por meio da resolução de problemas, pensamento reflexivo e da atividade. Dessa forma, as competências de todos são mais bem desenvolvidas.

No modelo ativo, o professor propõe desafios, sugere instrumentos e estabelece a colaboração. O aluno, por sua vez, procura soluções, refina sugestões e desenvolve a autonomia. Envolve-se na dinâmica da interação colaborativa, em que é possível produzir, socializar e utilizar o produto do conhecimento.

Estamos diante dos desafios de um novo ano letivo. Não será um desafio superável sem o envolvimento dos gestores da escola, da família e, principalmente, de professores conectados com seu tempo, que qualificam o trabalho pedagógico.

*Eugênio Cunha é Doutor em educação