Jair Bittencourt (PP) - Divulgação
Jair Bittencourt (PP)Divulgação
Por Jair Bittencourt*
Embora outras profissões tenham despontado como preferência entre os jovens brasileiros, ser médico ainda é um sonho acalentado por milhares que, anualmente, enfrentam a alta concorrência para conseguir uma vaga nos cursos de Medicina de universidades públicas e privadas. Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), nos últimos anos, o número de matriculados em cursos de Medicina no Brasil não parou de crescer. E, com a aprovação da Portaria 328 do Ministério da Educação, que proíbe a criação de novos cursos de Medicina e a ampliação de vagas já existentes no país, publicada em abril de 2018, a tendência é que essa disputa se torne ainda mais acirrada.

Diante da queda prevista da oferta de vagas para o curso, nos próximos anos, as mensalidades nas universidades particulares também tendem a se tornar cada vez mais caras, inviabilizando totalmente o acesso de parte da população menos privilegiada a essas instituições. Com menor poder aquisitivo, diante do alto grau de dificuldade para conseguir uma vaga em uma universidade pública, e sem poder pagar uma universidade particular, hoje, muitos jovens que sonham em seguir a carreira médica já estão migrando para outros estados ou países em busca de processos seletivos menos disputados ou mensalidades mais baixas.

Foi para estancar esse processo que apresentei uma proposta ao governador Wilson Witzel para que seja autorizada a criação de um programa de bolsas de estudo integrais ou parciais em instituições de ensino superior privadas em cursos de graduação em Medicina no estado do Rio de Janeiro. O programa será destinado a estudantes vindos do ensino médio de instituições públicas e particulares, que estudarão na condição de bolsistas desde que comprovem a impossibilidade de arcar com o pagamento do curso e, após a sua conclusão, prestem serviços nas unidades de saúde do Estado por, no mínimo, três anos.

A ideia é que as bolsas sejam renovadas anualmente, após comprovação da manutenção da impossibilidade econômica, além de presença mínima de 75% e não reprovação em disciplinas. Além de devolverem o importante investimento que o Poder Executivo estará fazendo em suas carreiras prestando serviços à população fluminense, tão carente de atenção básica em saúde, esses jovens formandos ainda levarão em troca a experiência adquirida na prática, indispensável na formação médica.

Segundo dados do Ministério das Relações Exteriores, as faculdades de Medicina da Argentina, do Paraguai e da Bolívia já reúnem 65 mil brasileiros, ou seja, um terço do total de alunos de Medicina de todo o Brasil. Esses números revelam um absurdo: estamos exportando talentos e diminuindo as chances de nossa população ter acesso a mais qualidade de vida. Abrir oportunidades para esses jovens significa, em médio prazo, mais vidas sendo salvas e um importante estímulo para a formação de novas gerações de profissionais de saúde em nosso Estado.

*Jair Bittencourt é deputado estadual pelo PP e 1º vice-presidente da Alerj