Rodrigo Abel - Divulgação
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Por Rodrigo Abel*
Faltando alguns meses para o início da corrida eleitoral às prefeituras e às câmaras legislativas, uma pergunta paira no ar. Voltaremos a normalidade das regras não escritas onde partidos, alianças, experiência e recursos financeiros serão decisivos? Em 2018 toda essa cartilha foi colocada a prova e tivemos a eleição mais imprevisível de toda a nossa recente e jovial democracia. Mas e agora? A onda anti tudo e todos ainda terá força suficiente para persistir?

Olhando para os números das recentes pesquisas – Datafolha dezembro de 2019, em especial na cidade do Rio de Janeiro, me vem a lembrança o Waldo, o ursinho azul da série de ficção científica Black Mirror, que decide disputar uma eleição e coloca a prova todo um sistema político.

Aqui no Rio há três candidaturas pretensamente postas e ambas possuem história e um enorme recall eleitoral – Crivella, Paes e Freixo. Ainda que cada um ao seu modo possua atributos bons e ruins, o certo é que juntos provocam 78% do eleitorado – 25% apontam anular o voto e 53% afirmam não possuir candidato, a não se manifestar de pronto.

A imprevisibilidade eleitoral em tempos de democracia digital se tornou o novo normal, fazendo com que cientistas políticos e analistas não se aventurarem em afirmar tendências ou resultados. Tudo está aberto ao imponderável e ao humor dos ventos que viajam pelas nossas plataformas digitais.

Ao certo, fica evidente que o Waldo está rondando as eleições na cidade do Rio de Janeiro, pronto para ser incorporado por um novo ator ou atriz. Resta saber se o sistema conseguirá ao seu tempo produzir vacinas e evitar a reedição de 2018.

Diante de tudo isso, a pergunta que fica é: cadê Waldo?
Obs.: The Waldo Moment é o terceiro episódio da segunda temporada de Black Mirror.

*Rodrigo Abel é cientista político