André Esteves  - Divulgação
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Por André Esteves*
O líquido mais precioso do planeta é fundamental para a existência de vida na Terra. Substância essencial para a biodiversidade terrestre, a água também é indispensável para a produção de alimentos, a manutenção da saúde, a geração de energia, os processos industriais, o transporte de dejetos e resíduos e, principalmente, a nossa melhor qualidade de vida.

A água, diferentemente do que aprendemos na escola, não é um recurso natural infinito. Falamos de água potável, aquela própria para o consumo humano. Embora a maior parte da superfície terrestre seja coberta por água, apenas 3% dos recursos hídricos do planeta são água doce. O grande desafio que temos é compatibilizar seu uso, de forma consciente e responsável, reduzindo o desperdício, fruto do desconhecimento e da falta de políticas públicas de educação ambiental e da má gestão dos recursos hídricos.

O Brasil é um país de contradições ambientais. Mesmo concentrando cerca de 12% da água doce disponível no planeta, vivemos situações extremas de secas e enchentes. Em ambos os casos, pode-se dizer que são resultado das condições geográficas e da responsabilidade na gestão do uso da água. A dimensão continental do nosso território exige uma política eficaz para os recursos naturais, de modo que todos possam ter acesso ao saneamento básico, esgoto e água.

O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6 (ODS 6), proposto pela ONU, visa assegurar a disponibilidade e o manejo da água e do saneamento para todos até 2030. Será esta meta possível pelo andar da carruagem? O setor privado pode ser um grande aliado nesta conquista, pois nem sempre os governos sozinhos podem assumir esta responsabilidade e, muitas vezes, não possuem recursos técnicos e financeiros suficientes. É importante a construção de uma agenda de governança da água, engajando o setor privado, o poder público, o terceiro setor e a sociedade civil, de um modo geral, para viabilizar e promover o uso eficiente deste insumo fundamental a todos.

Um dos principais efeitos das mudanças climáticas é o aumento da intensidade e da frequência de eventos extremos. Em muitos locais as crises de escassez hídrica têm se agravado, com dificuldade de acesso à água potável cada vez maior. A agricultura é o setor que mais utiliza recursos hídricos no mundo, sendo responsável por 70% do consumo da água doce. Consequentemente, a produção de alimentos é fortemente vulnerável tanto às situações de escassez, quanto às de inundações, ambas com tendência de agravamento com as mudanças climáticas.

Como se vê, não são poucos os desafios. Amanhã, Dia Mundial da Água, devemos refletir sobre a contribuição de todos para a melhoria das ações coletivas com o objetivo da universalização do acesso à água potável e ao saneamento básico, condições essenciais para reduzir desigualdades e caminhar em direção ao desenvolvimento sustentável.
*André Esteves é secretário executivo do Instituto OndAzul