Apesar do ministro da Saúde ter acertado em muitas ações, ele errou ao falar que fazer testes em massa gera desperdício. Foi justamente isso que ajudou esses dois países asiáticos, que conseguiram agir até melhor do que a própria China, que vem sendo elogiada. Os danos colaterais na economia foram contidos por conta do “tratamento de choque” em massa.
Os principais erros na gestão de combate ao coronavírus, primeiramente, foi a lentidão em que o governo brasileiro encarou de frente essa situação. No início, fingiu que não existia. Deixou o tempo passar. A crise está clara desde janeiro na China. Seria evidente que iria chegar no Brasil, como chegou em todo o mundo. A França fez o mesmo erro. A Itália o mesmo erro. Até os Estados Unidos caíram nesse mesmo erro. Agora, o Brasil. Esse foi o principal equívoco na questão do tratamento, que só se mexeu quando o problema explodiu no nosso país.
Mas houve também acertos, como agora que o governo tomou as medidas emergenciais cabíveis com o aumento do bolsa família. Porém, é preciso ainda de muitas outras, no sentido de proteger esse que está destituído de todas as condições de sobrevivência.
No entanto, será preciso aumentar essa remuneração prevista inicialmente, mesmo que venha a pesar para o governo, que tem um lastro grande de reservas que podem ser acionadas. O orçamento não está mais limitando coisa alguma, então nesse momento é importante dar condições para que essas pessoas saiam do ponto “A”, que estão numa crise enorme, para o ponto “B”.
Por outro lado, é necessário também que o governo não deixe as empresas quebrarem, principalmente as micro e pequenas empresas, porque se não der assistência para os pequenos empreendedores, o resultado vai ser desemprego em massa. Vale ressaltar que quando ocorre o desemprego, a volta para o emprego é muito mais difícil. A economia não vai retomar de uma hora para a outra.
Quando acabar a crise do coronavírus, as atividades econômicas nos setores do comércio e de serviço, por exemplo, podem necessitar de anos para a grande retomada de empregos. Por isso, é preciso que o governo haja, e haja rápido, porque ele está lento e atrasado.
*Wagner Siqueira é conselheiro federal pelo Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro (CRA-RJ); diretor-geral da Universidade Corporativa do Administrador (UCAdm) e membro do conselho consultivo da região Metropolitana do Rio de Janeiro